Erro pela minha biblioteca desorganizada. Apanho um Balzac, e me dá vontade de reler A Comédia Humana. Balzac foi o maior de todos os romancistas. Um contador de histórias sublime. Ferino, cáustico, corrosivo. Se você tem que ler um romancista na vida, o nome é Balzac.
E logo dou numa cena típica de Balzac.
Uma jovem e inocente esposa procura uma mulher madura e libertina em busca de conselhos amorosos. Seu marido estava se comportando mal. O irônico é que a jovem vai atrás exatamente da mulher por quem seu marido estava encantado. A libertina se comove com a infeliz em lágrimas. E lhe diz: “Em primeiro lugar, aconselho-a a que não chore assim, porque as lágrimas enfeiam. É preciso saber conformar-se com as tristezas; estas fazem adoecer, e o amor não fica muito tempo junto a um leito de dor. A melancolia dá, é verdade, no começo, um certo encanto que agrada, mas acaba por desmerecer as feições e emurchecer o rosto mais sedutor. Além disso, nossos tiranos – os homens – querem que suas escravas estejam sempre alegres.”
Uma frase, particularmente, me pega. “O amor não fica muito tempo junto a um leito de dor”.
Alguém duvida?
Para os amantes Balzac oferece aí uma lição essencial: cuidem bem da saúde.