Por Igor Carvalho
Quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou seu ministério, chamou a atenção o número de possíveis presidenciáveis, seja por já terem se candidatado à presidência do país ou terem sido cotados para isso em algum momento. No marco dos 100 dias do terceiro governo petista, alguns nomes se destacaram.
Entre os presidenciáveis levados por Lula para o governo estão Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, que já disputou a corrida pelo Palácio do Planalto em 2010, 2014 e 2018; Flávio Dino, que comanda o Ministério da Justiça e Segurança Pública e estava cotado para a corrida eleitoral de 2022; Fernando Haddad, chefe da pasta da Economia, que concorreu em 2018 . Fora da esquerda, a ministra Simone Tebet, que comanda o Ministério do Planejamento, e o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Para Vera Chaia, professora de Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), os atentados terroristas de 8 de janeiro e a apresentação do arcabouço fiscal deram a Flávio Dino e Fernando Haddad maior visibilidade nos primeiros 100 dias do governo.
“Num primeiro momento, quem mais se destacou foi o Flávio Dino, pela necessidade de reverter esse processo e trazer paz à política brasileira, com uma impressionante prisão dos bolsonaristas no dia 8 de janeiro. A atuação de Dino e Lula na resistência foi importante em Brasília”, explica Chaia.
Sobre Haddad, a cientista política elogiou a construção e apresentação do arcabouço fiscal. “Ele tocou na ferida atual, que é a parte econômica, com toda a proposta do ministro em melhorar a economia brasileira, trazendo outro arranjo político para nossa economia.”
A cientista política Mayra Goulart também citou Haddad, mas lembrou de Simone Tebet também. “Os dois ganharam pontos na apresentação da âncora fiscal e na defesa de uma economia que prioriza a política social e o desenvolvimento social. Eles se posicionaram de maneira contundente, mas sem uma confrontação aberta com o mercado.”
Ainda de acordo com Goulart, “o principal teste desses 100 dias foi a tentativa de golpe de 8 de janeiro. Isso ofereceu uma apoio da opinião pública ao governo, por entender que havia uma defesa da democracia” e “o ministro Dino foi contundente no combate às iniciativas golpistas. Eu acho que o Dino está bem cotado (para 2026), embora não esteja no núcleo econômico, que normalmente ganha mais destaque na mídia.”
Goulart considera que Tebet pode forçar uma saída do governo em 2026 para disputar a eleição presidencial. “Eu acho que ela está esperando. Se quiser se cacifar para 2026, tem que aproveitar do hype desse governo. Acredito que mais perto, ela encontrará um ponto de ruptura para sair e se lançar candidata, se for do seu interesse ainda.”
Chaia pondera que “Tebet fez bem em ir para o governo, não tinha como não ir. Claro, não é o ministério dos sonhos dela, mas ela está fazendo uma boa dobradinha com Fernando Haddad.”
Originalmente publicado em Brasil de Fato
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