Um levantamento do Instituto Fome Zero (IFZ), publicado nesta quinta-feira (25), mostrou que 24,4 milhões de pessoas saíram da situação de fome no Brasil. Assim, o país está prestes a deixar, mais uma vez, o Mapa da Fome.
Em 2014, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) retirou o país da lista de países a serem observados após uma redução de 82% de famílias em insegurança alimentar entre 2002 e 2013.
Porém, em 2022, com a má gestão do governo Bolsonaro (PL), principalmente durante a pandemia de Covid-19, 58,7% da população brasileira conviviam com a insegurança alimentar em algum grau (leve, moderado ou grave), fazendo com que o Brasil voltasse ao Mapa da fome. Leia a matéria do IFZ:
Mudança é fruto da ampliação de programas sociais e da recuperação do mercado de trabalho. Se dados continuarem em queda, país pode sair novamente do Mapa da Fome novamente já nos próximos anos
O Brasil está caminhando para sair novamente do mapa da fome já nos próximos anos. Entre o início de 2022 e o fim de 2023, cerca de 24,4 milhões de pessoas saíram da insegurança alimentar grave e 44,4 milhões de pessoas saíram da condição de insegurança alimentar moderada. Essa é a leitura que o Instituto Fome Zero faz ao comparar os dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), com a pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).
“Embora um em cada quatro domicílios brasileiros tenha apresentado algum grau de insegurança alimentar no ano passado, a segurança alimentar voltou a crescer, ou seja, mais brasileiros passaram a ter pleno acesso aos alimentos, tanto em quantidade suficiente como em qualidade adequada. E, quando a gente analisa os dados na linha do tempo, percebemos que estamos nos aproximando dos números de 2014, quando saímos do Mapa da Fome. Os números divulgados hoje reafirmam a nossa certeza de que, quando há vontade política, conseguimos erradicar a fome. Estamos falando de cerca de 24 milhões de pessoas que deixaram de passar fome, é um dado a ser celebrado”, comenta José Graziano da Silva, diretor geral do Instituto Fome Zero, ex- diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) de 2012 a 2019. “Cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. As reduções percentuais na insegurança alimentar constatadas na pesquisa do IBGE significam milhões de pessoas deixaram de conviver cotidianamente com a fome. Estamos no rumo certo e temos que valorizar o esforço do governo federal para enfrentar esse grave problema. Não são números, são pessoas. E o principal fator que contribuiu para a redução da fome no Brasil ano passado foi o aumento da renda domiciliar. Em 2023, o aumento na massa de rendimentos do trabalho real foi de 11,7%, o maior desde o Plano Real”, lembra Walter Belik, diretor adjunto do IFZ.
Os dados confirmam ainda que, historicamente, as Regiões Norte (60,3%) e Nordeste (61,2%) continuam apresentando as menores proporções de domicílios com segurança alimentar, enquanto Centro-Oeste (75,7%), Sudeste (77,0%) e Sul (83,4%) tinham os maiores percentuais.
“Não podemos fechar os olhos para o fato de as regiões Norte e Nordeste estarem em uma situação pior que o resto do país. Assim como o fato de que a insegurança alimentar grave foi mais expressiva nas áreas rurais do país. A pesquisa nos dá bons indicadores de onde o governo precisa concentrar esforços”, acredita Graziano.