Sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o Ministério do Meio Ambiente retirou do ar documentos públicos de quase três décadas, incluindo um estudo de 2015 que previu intensas chuvas no Sul do país e outras tragédias climáticas. Os dados foram confirmados pelo próprio ministério, que mencionou que alguns arquivos ainda não foram recuperados, segundo servidores da pasta. As informações são do colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Através da Lei de Acesso à Informação, foi solicitado ao ministério o envio de documentos relacionados ao Plano Brasil 2040, coordenado pela Presidência da República entre 2013 e 2015, durante o governo Dilma Rousseff. A solicitação incluía o processo completo de preparação do estudo, notas técnicas, detalhes de reuniões e pareceres sobre o projeto. O Plano Brasil 2040 previu aumento das chuvas no Sul, secas no Nordeste e falta de água no Sudeste.
No mês passado, o Meio Ambiente respondeu que esses arquivos “ficaram extraviados” entre 2019 e 2022, durante o governo do ex-presidente, quando o site da pasta foi transferido de endereço. A pasta informou que conseguiu reaver o material “recentemente”.
O apagão de dados públicos foi além do Plano Brasil 2040. Funcionários do ministério, que preferiram não se identificar, relataram que diversos documentos desde a fundação do ministério, em 1992, também foram perdidos. Entre esses documentos estavam informações sobre áreas protegidas por leis ambientais, legislações do setor e pesquisas que embasam políticas públicas e estudos acadêmicos.
Servidores mencionaram que os documentos mais importantes estão sendo recuperados no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas ainda há materiais que permanecem inacessíveis devido a dificuldades técnicas, que, por sua vez, incluem informações críticas para a continuidade de políticas ambientais e estudos científicos.
Procurado para comentar sobre o ocorrido, o deputado Ricardo Salles, que foi ministro do Meio Ambiente durante a maior parte do governo Bolsonaro, afirmou desconhecer o assunto.
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