Uma pesquisa inédita revelou que mais da metade da população de São Paulo vive em situação de insegurança alimentar. Segundo o 1º Inquérito sobre a Situação Alimentar no Município de São Paulo, 50,5% dos moradores enfrentam algum grau de dificuldade para garantir acesso regular e suficiente aos alimentos. Isso significa que cerca de 5,8 milhões de pessoas na cidade precisaram reduzir a variedade ou quantidade de alimentos, pular refeições ou até passar dias inteiros sem comer em 2024.
Os dados apontam que 12,5% da população, ou aproximadamente 1,4 milhão de pessoas, enfrenta insegurança alimentar grave, situação caracterizada por falta de comida devido à ausência de recursos financeiros. Esse índice é três vezes maior do que a média nacional. A pesquisa destacou também que as áreas mais afetadas são as periferias, com destaque para a zona leste, onde mais de 446 mil pessoas passam fome.
Fatores como gênero e cor também influenciam o nível de vulnerabilidade. Lares chefiados por mulheres têm uma probabilidade 1,8 vez maior de vivenciar insegurança alimentar grave, e quando a líder da família é uma mulher preta, a proporção é duas vezes maior. Além disso, o estudo constatou que 70% dos domicílios em situação de fome sobrevivem com uma renda domiciliar per capita de até meio salário mínimo.
A prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes, contestou os resultados da pesquisa, afirmando que os dados são incompatíveis com outras fontes oficiais, como a PNAD 2023. A administração municipal também destacou seus esforços para combater a fome, as ações somam a entrega de mais de 10,2 milhões de refeições e 1,2 milhão de cestas básicas.
Apesar das ações mencionadas, os pesquisadores enfatizam que o alto custo de vida em São Paulo torna programas de assistência como o Bolsa Família insuficientes para garantir segurança alimentar às famílias da cidade. Eles alertam que políticas públicas mais robustas são necessárias para enfrentar o problema da fome na capital paulista. As informações são da Folha de S. Paulo.