54% dos eleitores diz ter sofrido ameaça ou constrangimento por posição política, diz Datafolha

Atualizado em 31 de julho de 2022 às 10:02
Ex-presidente Lula a esquerda e atual presidente Jair Bolsonaro a direita
Foto por: Reprodução

Com a proximidade das eleições e o clima de polarização, o Datafolha realizou uma pesquisa sobre o comportamento de eleitores nas redes sociais e no convívio com amigos, familiares e conhecidos que mostra que mais da metade do eleitorado brasileiro deixou de conversar sobre política com amigos e familiares nos últimos meses para evitar discussões.

Segundo o levantamento, divulgado neste domingo (31/07), 54% dos eleitores afirmam ter vivido alguma situação de constrangimento, ameaça física ou verbal em razão de suas posições políticas nos últimos meses. O número é mais alto entre simpatizantes do PT (63%), eleitores de Lula (58%), mais instruídos (62%), que reprovam o governo Bolsonaro (62%), autodeclarados pretos (60%) e homossexuais e bissexuais (65%).

Para os entrevistados foram colocadas três situações de constrangimento ou coação, para que respondesse se já haviam passado ou não por esse tipo de caso. “Deixou de conversar com amigos ou familiares sobre política para evitar discussões”, “foi ameaçado verbalmente por causa das suas posições políticas” e “foi ameaçado fisicamente por causa das suas posições políticas”.

Entre os entrevistados, 49% do eleitorado diz ter deixado de conversar sobre política com amigos e familiares nos últimos meses para evitar discussões. Além disso, outros 15% disseram já ter recebido ameaça verbal e 7%, física. Entre os que mais deixaram de conversar com amigos ou familiares sobre política para evitar discussões, o número é mais alto entre os eleitores do ex-presidente Lula (54%). O percentual é de 40% entre os apoiadores de Bolsonaro. Já entre os que afirmam ter sofrido ameaça verbal, o índice passa a 19% entre os que têm intenção de votar em Lula. Entre os que dizem votar em Bolsonaro, o resultado é de 12%. Em relação a ameaças físicas, o índice é de 9% entre eleitores de Lula e de 5% entre os de Bolsonaro.

Foram apresentadas também outras três situações: “Deixou de comentar ou compartilhar alguma coisa sobre política em grupo de WhatsApp para evitar discussões com amigos ou familiares”; “deixou de publicar ou compartilhar alguma coisa sobre política nas suas redes sociais para evitar discussões com amigos ou familiares”; e “saiu de algum grupo de WhatsApp para evitar discussões políticas com amigos ou familiares”.

De acordo com a pesquisa, 53% dos entrevistados mudaram a postura nas redes sociais para evitar atritos com amigos e familiares e 41% deixaram de comentar e publicar conteúdo eleitoral. Em relação ao WhatsApp, 43% pararam de falar sobre política e 19% saíram de algum grupo. Neste caso, as taxas também são mais altas entre os eleitores de Lula do que entre os de Bolsonaro. Na primeira situação, o índice entre apoiadores do ex-presidente é de 46%, contra 38% entre apoiadores do atual presidente. Na segunda situação, 44% ante 35%, e na terceira, 23% ante 13%.

Embora de 78% dos eleitores tenham, pelo menos, um aplicativo de mensagens, só 8% participam de grupos de apoio aos presidenciáveis que lideram a pesquisa, sendo 4% em grupos sobre Lula e 4%, sobre Bolsonaro. Nos dois lados, 13% responderam seguir o perfil de seu candidato em outras redes sociais.

A pesquisa Datafolha foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número BR-01192/2022. O levantamento ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades do país entre quarta (27/07) e quinta (28/07). A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

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