63% dos brasileiros dizem que data do golpe de 64 deve ser desprezada, aponta Datafolha

Atualizado em 30 de março de 2024 às 7:41
Tanque do exército para próximo à casa do presidente deposto, João Goulart, no Rio de Janeiro 31/03/1964. Foto: reprodução

Segundo pesquisa Datafolha, 63% dos brasileiros desejam que o dia 31 de março de 1964, data que marcou o início de 21 anos de ditadura militar no país, seja desprezado e ignorado. Apenas 28% veem motivos para celebrar essa data, enquanto 9% não têm uma opinião formada sobre o assunto.

O regime militar, instaurado há 60 anos em um golpe liderado pelo Exército com o apoio de setores da sociedade civil, continua sendo motivo de controvérsias. Recentemente, as declarações do presidente Lula (PT), que foi preso durante a ditadura, geraram polêmica, especialmente entre os setores de esquerda, que o veem como condescendente em relação a esse período.

O governo tem adiado a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos, em uma tentativa de agradar aos militares. O petista, em uma declaração recente, afirmou que o regime militar “faz parte da história”, o que gerou protestos, e também determinou que os ministérios evitem referências à data do golpe.

Comparando com uma pesquisa anterior realizada em abril de 2019, o Datafolha observou uma mudança de opinião entre os eleitores brasileiros. Na ocasião anterior, 36% dos entrevistados acreditavam que a data deveria ser celebrada, enquanto 57% preferiam ignorá-la e 7% não souberam opinar. Àquela altura, Jair Bolsonaro estava no inicio de seu mandato.

Tanques durante Golpe Militar de 1964. Foto: reprodução

Quanto às preferências políticas, 58% dos bolsonaristas desejam que a data seja ignorada, enquanto 33% a veem como motivo de celebração. Esses números diminuem para 51% e 39%, respectivamente, entre os eleitores do PL, partido do ex-presidente.

Já entre os petistas, 68% preferem ignorar a data do golpe, enquanto 26% a celebram. Para aqueles que se declaram neutros na polarização política brasileira, 60% apoiam a ideia de ignorar a data, enquanto 26% são a favor de celebrá-la.

Embora haja uma grande homogeneidade nos demais estratos socioeconômicos, uma exceção notável são os 2% mais ricos da amostra, que ganham 10 salários mínimos ou mais por mês. Esse grupo é o que mais apoia a ideia de ignorar a data (80%), em comparação com os 20% que a celebram.

A pesquisa do Datafolha foi realizada em 147 cidades, nos dias 19 e 20 de março, entrevistando 2.002 pessoas com 16 anos ou mais, e possui uma margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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