Ninguém esquecerá jamais a cena de Michelle Bolsonaro comemorando a nomeação de André Mendonça para ministro do STF.
Michelle acompanhou o resultado em uma sala com pastores, todos felizes da vida.
A indicação era uma promessa de campanha de Bolsonaro, que prometeu um sujeito “terrivelmente evangélico”.
A primeira-dama grita: “Deus, Deus do céu. Deus de promessas. Senhor! […] Obrigado por ouvir a nossa oração, senhor!”.
E então sai uivando num idioma aos saltinhos até abraçar Mendonça.
Para além do espetáculo dantesco e do enterro do estado laico, o que aconteceu ali tem nome: glossolalia.
É uma prática comum entre os neopentecostais. O fiel se manifesta em “línguas celestiais”, ou “línguas dos anjos”, durante o culto.
Esse dom é acompanhado de expressões corporais que reproduzem sentimentos de alegria, transbordamento, choro, riso etc.
A Bíblia registra sua presença nos Atos dos Apóstolos. Em Coríntios, Paulo faz uma advertência: “Se alguém falar em língua, que haja dois ou no máximo três, um de cada vez, e haja um que interprete”.
Ou seja, é preciso um tradutor para organizar a bagaça.
No caso de Michelle, provavelmente ela está falando que o cheque caiu e está chegando o momento em que vai se livrar do encosto do marido.
Amém, igreja.