Se depender do amigo Merval Pereira para decolar, o ex-juiz Sergio Moro está lascado.
Em sua coluna no Globo, Merval desenterra uma pesquisa feita entre 2008 e 2012 com magistrados sobre a “crença” no princípio da imparcialidade judicial.
De acordo com o colunista, Moro sofre “perseguição” do TCU por causa da “relação do Subprocurador do Ministério Público de Contas Lucas Furtado com o ministro do TCU Bruno Dantas”.
Ataca Gilmar Mendes, exemplo de juiz que coloca “seus pontos de vista acima dos regulamentos”, e Carmen Lúcia, que mudou seu entendimento sobre Moro e é caso de “fluidez do conceito de ‘imparcialidade’” (as aspas são dele).
Simplificando, Merval usa o trabalho da jurista Bárbara Gomes Lupetti Baptista para admitir que Moro foi parcial, mas todos são. Não há razão para se escandalizar com a tabelinha de Moro e Dallagnol, portanto. Está tudo em casa e é assim que funciona.
Ora. É o silogismo maroto, o silogismo do bigode grosso.
Mais um pouco e Merval confessa os crimes que cometeu em conluio com a Lava Jato no pior estilo “Sou, mas quem não é?”
Bárbara diz o seguinte: “O comportamento do ex-juiz Sergio Moro na condução dos processos da operação Lava Jato não se apresenta como extraordinário ou incomum, mas sim como revelador de uma lógica e de uma cultura jurídica que centraliza no Juiz as escolhas sobre fatos, evidências, verdades, leis, interpretações e sensos particularizados de justiça. O ex-Juiz Sergio Moro e a operação Lava Jato são, portanto, a mais pura explicitação do sistema de justiça brasileiro.”
Isso está longe de ser uma absolvição de Sergio Moro e sua turma. Pelo contrário, é o retrato de um fracasso generalizado que tem no antigo chefe da Lava Jato seu epítome.