Um inquérito policial militar aberto para investigar soldados que deveriam ter protegido o Palácio do Planalto durante o 8 de janeiro livrou as tropas de culpa e responsabilizou a Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que faz parte do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Segundo o documento, há “indícios de responsabilidade” da pasta. A informação é da Folha de S.Paulo.
O inquérito diz que, se houvesse um planejamento “adequado” no início do governo Lula, seria possível ter evitado a destruição do palácio ou os danos teriam sido menores. O relatório é sigiloso e foi finalizado em 2 de março, mas recebeu uma complementação no dia 14 do mesmo mês.
A investigação não cita o nome de nenhum dos responsáveis e indica a responsabilidade de maneira genérica da secretaria, que era chefiada pelo general Carlos Feitosa Rodrigues, que chegou ao cargo em 2021 e foi mantido durante o governo Lula pelo general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do GSI. Também há menção ao DSeg, do Departamento de Segurança Presidencial, que seria responsável por “acionar o deslocamento” da tropa de choque do Exército.
Segundo o inquérito militar, “resta evidente” que “o planejamento, o acionamento e o emprego” de militares “no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências” é tarefa da secretaria.
O documento diz que era obrigação da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial “buscar informações indispensáveis ao planejamento de ações preventivas” junto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e aos órgãos da Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal.
O inquérito compara o número de militares no dia 8 de janeiro com a quantidade de soldados acionados para o dia 31 de julho do ano passado, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro convocou apoiadores contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, havia 110 membros das Forças no local, o triplo do enviado pelo Comando Militar do Planalto durante o ataque terrorista: 36.
“Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito”, diz o documento.
Para os militares responsáveis pelo inquérito, as tropas não tinham condições de reagir ao ataque golpista por falta de planejamento. “Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos”, afirmam.