O general Newton Cruz morreu na sexta-feira, dia 15, aos 93 anos, no Rio de Janeiro, de causas naturais. Truculento, ele gostava de se deixar fotografar e filmar a cavalo, triunfante, eventualmente chicoteando carros.
“Nosso Mussolini”, como o chamava Figueiredo em tom elogioso, esteve envolvido em escândalos da ditadura. Um deles, o caso Baumgarten.
Alexandre von Baumgarten era um jornalista e escritor cujo corpo apareceu boiando na praia da Macumba, no Rio, em 25 de outubro de 1982.
Foi enterrado como vítima de afogamento com a mulher. Em janeiro de 1983, a Veja revelou que Baumgarten havia sido assassinado com dois tiros na cabeça e um no tórax.
O laudo do IML, assim como as cápsulas de bala em seu corpo, estava anexado ao inquérito arquivado na 16ª DP da Barra da Tijuca, que não investigara nada até receber ordem da Justiça.
Um mês depois, um dossiê secreto publicado pela revista dava conta de que ele denunciou a existência de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empresas privadas, o SNI e a revista O Cruzeiro, que ele comprou para bajular a ditadura.
Nos papéis, Baumgarten revelava que fora jurado de morte e acusava diretamente Newton Cruz, então à frente do SNI, de ser o mandante.
O delegado Ivan Vasques, da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, indiciou Cruz e outros militares pelo desaparecimento e morte de Baumgarten. Em 1992, todos foram absolvidos.
Newton Cruz, ou “Nini”, também apareceu no caso Capemi, o maior montepio militar do Brasil.
O jornalista João Carlos de Assis contou a história no DCM.
“Paralelamente aos contratos das madeireiras descobri três outros nominalmente de publicidade, com agência totalmente desconhecida. Somavam uns 3 milhões de dólares na época. No conjunto dos negócios da Capemi não era muito. Mas me chamaram a atenção. E nisso descobri que o dinheiro escoava diretamente para os bolsos de um pessoal ligado ao general Newton Cruz, então chefe da Agência Central do antigo SNI”, escreve Assis.