Jair Bolsonaro não se recuperou da derrota para Lula ocorrida há três semanas.
Está deprimido e, segundo Mourão, tem uma ferida na perna. Fala-se em erisipela.
É um homem fraco de caráter. A grandeza é demonstrada na queda, muito mais do que na vitória. Graça sob pressão, como dizia Hemingway.
Não se presta nem sequer a dirigir uma palavra às multidões acéfalas que acampam diante de quartéis em seu nome. Daqui a pouco os zumbis encontram outro líder.
É um cadáver insepulto, sem serventia, morrendo de terror da cadeia.
Caso estivéssemos na Roma antiga, Bolsonaro poderia ser induzido a um suicídio. Essa era a alternativa mais comum quando um notável se encontrava em apuros insolúveis.
O método mais popular era praticado dentro de casa. O sujeito entrava numa banheira quente e abria os pulsos verticalmente, deixando que o sangue esvaísse e a natureza seguisse seu curso.
(Essa foi a saída escolhida pelo mafioso delator Pentangeli no “Poderoso Chefão”, aliás).
A maioria dos políticos preferia isso à condenação oficial e posterior execução ou exílio.
Segundo o historiador Tácito, os últimos anos de Tibério foram pródigos nesse tipo de ocorrência.
“Por medo do carrasco preferiam morrer assim, e também porque, aos condenados, recusava-se sepultura e os bens eram confiscados, enquanto que aos que tiravam a própria vida respeitava-se o testamento e dava-se sepultura ao corpo como recompensa”, escreveu.
Sêneca, tutor de Nero, e Petrônio, escritor, abriram as veias.
Outros preferiram algo mais dramático: o general Quintílio Varo, ao se ver cercado pelos germanos em Teutoburgo, cravou a espada em si mesmo.
Derrotado por Otávio após o assassinato de Júlio César, Marco Antônio fez a mesma coisa. Cleópatra, sua amante, se deixou picar por uma áspide.
O imperador Otão, que reinou por três meses, foi formidável. Em meio a uma guerra civil, cansado da anarquia, juntou seu exército e fez um discurso solene, declarando: “É mais justo um morrer por todos que todos por um”.
Retirou-se em seguida para sua barraca e deu cabo da existência.
Mas estamos falando de outro tempo e tipo diverso de homens públicos. Bolsonaro preferiu mandar os brasileiros para a morte por covid-19.
Um homem com medo da prisão é um homem morto. Falta enterrar. Por enquanto, quem sente o cheiro da decomposição é Michelle.