US$ 25 mil para Bolsonaro, leilão de joias da Arábia e venda de barco: as revelações de Cid em um só áudio

Atualizado em 11 de agosto de 2023 às 17:34
Mauro Cid durante depoimento na CPI dos atos golpistas. Foto: Bruno Spada

Em apenas um único áudio obtido pela Polícia Federal, Mauro Cid revelou três assuntos que comprometem ele e outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na operação que investiga a venda ilegal de presentes oficiais.

Segundo informações do G1, entre os temas tratados no áudio está 25 mil dólares supostamente endereçados a Bolsonaro. Cid também fala sobre as tratativas para a venda de estátuas de palmeira e um barco folheados a ouro, recebidos pela comitiva brasileira durante visita oficial ao Bahrein em 2019.

Além disso, ele ainda menciona as negociações para levar a leilão um dos kits recebidos na Arábia Saudita com relógio e joias masculinas.

O inquérito indica que a mensagem foi enviada por Cid ao assessor especial de Bolsonaro Marcelo Câmara.

Mauro Cid e Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado

Veja o que Mauro Cid disse sobre cada assunto:

25 mil dólares para Jair Bolsonaro

No áudio, Mauro Cid afirma que o pai, o general Mauro Lourena Cid, estaria com 25 mil dólares, “possivelmente pertencentes a Jair Bolsonaro”, conforme a PF. O ex-ajudante de ordens diz ainda que está com medo de usar o sistema bancário para entregar o dinheiro ao ex-presidente e fala sobre a preferência por fazer a entrega em dinheiro vivo, ou “em cash”.

“Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir ai falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)”, questiona Cid.

Marcelo Câmara responde por mensagem de texto: “Melhor trazer em cachê”.

Venda das esculturas de palmeira e barco

Na mesma mensagem, Cid relata a Marcelo Câmara que não conseguiu vender, nos Estados Unidos, as esculturas de palmeira e de barco, recebidas por Bolsonaro em visita ao Bahrein, quando ainda era presidente.

De acordo com o ex-ajudante de ordens, a operação não foi concluída porque as peças não são de ouro maciço. Ele afirma que ainda tentava negociar com outro homem, não identificado.

“(…) aquelas duas peças que eu trouxe do Brasil: aquele navio e aquela árvore; elas não são de ouro. Elas têm partes de ouro, mas não são todas de ouro (…) Então eu não estou conseguindo vender. Tem um cara aqui que pediu para dar uma olhada mais detalhada para ver o quanto pode ofertar (…) eu preciso deixar a peça lá (…) pra ele poder dar o orçamento. Então eu vou fazer isso, vou deixar a peça com ele hoje (…)”, diz.

Leilão do kit de joias de Bolsonaro

Em seguida, Cid fala com Marcelo Câmara sobre um “kit”, contendo um relógio, que iria a leilão no dia 7 de fevereiro de 2023.

Ele não detalha o kit no áudio, mas, segundo a PF, ele se referia a caixa de joias masculinas recebida por Bolsonaro na Arábia Saudita, e que o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenou que fosse devolvido à União poucos meses depois.

“(…) o relógio aquele outro kit lá vai, vai, vai pro dia sete de fevereiro, vai pra leilão. Aí vamos ver quanto que vão dar(…)”, diz Cid.

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