O ex-presidente Jair Bolsonaro já tinha planos para contratar um hacker um ano antes das eleições de 2022, quando supostamente teve um encontro com Walter Delgatti Neto, responsável pela Vaza Jato. Em entrevista à Rádio Itatiaia, em 2021, ele afirmou que contrataria um “hacker do bem” para comprovar que houve fraude nas eleições.
“Eu vou comprovar na semana que vem que Aécio Neves ganhou as eleições de 2014. Um hacker do bem, que entende de informática”, afirmou o então presidente na ocasião. Ele dizia que seria “impossível” a ex-presidente Dilma Rousseff ter vencido as eleições e defendia o voto impresso como medida para evitar “fraudes”.
?RELEMBRE: Em 2021, Jair Bolsonaro deu uma entrevista à Rádio Itatiaia demonstrando a intenção de contratar um “hacker do bem” para comprovar a "fraude”. O ex-presidente já planejava melar as eleições com Walter Delgatti um ano antes do pleito! Compartilhem esse vídeo ao máximo!… pic.twitter.com/rFa3Vv40pm
— PESQUISAS E ANÁLISES ELEIÇÕES (@pesquisas_elige) August 17, 2023
Em depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro, nesta quinta (17), Delgatti afirmou que Bolsonaro lhe prometeu um indulto para que tentasse fraudar as urnas eletrônicas e colocasse em dúvida a lisura das eleições.
Segundo o hacker, ele foi procurado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que solicitou uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com o marqueteiro da campanha de Bolsonaro, Duda Lima, e com o próprio então presidente.
Delgatti diz que eles conversaram sobre o plano de tentar provar que as urnas eram fraudáveis e Bolsonaro teria dito que não entendia da parte técnica do sistema eleitoral, pedindo para o hacker conversar com o ministro da Defesa.
“A ideia ali era eu receber um indulto do presidente. Ele havia concedido indulto ao deputado Daniel Silveira e como eu estava investigado pela operação Spoofing, impedido de acessar a internet e trabalhar, eu estava visando esse indulto, que foi oferecido no dia”, afirmou Delgatti à CPMI.
O encontro teria ocorrido durante a campanha eleitoral de 2022, antes do primeiro turno da disputa. Bolsonaro ainda pediu que Delgatti assumisse um grampo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para minar a confiança da população no processo eleitoral.