Os agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), presos após a deflagração da operação Incúria, teriam debochado do alerta de que golpistas estavam “preparados para a guerra”, antes dos atos terroristas ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro.
As falas teriam ocorrido entre os militares que formavam a alta cúpula da corporação na época dos atentados que culminaram na destruição da Praça dos Três Poderes. As informações foram apresentadas pela Procuradoria Geral da República (PGR).
Antes do fatídico dia, a cúpula da PMDF recebeu a confirmação da chegada dos extremistas além do início da formação do acampamento bolsonarista montado nas imediações do Quartel-General do Exército.
Na noite de 7 de janeiro, o coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra recebeu a informação de uma fonte dele, não identificada na denúncia, que antecipava as intenções dos golpistas.
“Os insurgentes estariam preparados para uma ‘guerra’, para ‘tudo ou nada’, dispostos, inclusive, a confrontos fatais, sem intenção de retroceder”, disse trecho do documento da PGR, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a fonte, os riscos não poderiam ser subestimados e que a situação estaria mais “séria do que muitos brasileiros estão imaginando”.
A informação com o alerta foi repassada para o coronel Klepter Rosa Gonçalves, então subcomandante da PMDF e posteriormente indicado para o comando da tropa, e para coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, chefe do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF em 8 de janeiro de 2023.
Em outra troca de mensagens, outro oficial da corporação, o major Flávio de Alencar, teria dito ao coronel Marcelo Casimiro que não permitiria “a atuação da Força Nacional na nossa Esplanada”.
“A atuação da Força Nacional na nossa Esplanada, viu? Não vou autorizar”, disse o major Flávio de Alencar.
Com suas ações, o coronel relativizou o eventual emprego da Força Nacional, ponderando que, caso o governador autorizasse, as tropas nacionais atuariam apenas em pontos específicos de Brasília.
Na sequência, Flávio reforçou que “confrontaria” uma eventual presença da Força Nacional.
“Coronel, vou falar uma coisa pro senhor. Eu não tenho medo de ninguém, não, Coronel. Se eu sou o comandante aqui da área, a área é minha. Eu não vou autorizar, não. Já vou deixar o senhor ciente”, disse.
A conduta dos oficiais, na avaliação da PGR, foi decisiva para os desdobramentos dos atos terroristas realizados pelos extremistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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