Por Victor Farinelli
Com mais de 95% das urnas apuradas, o Tribunal Supremo Eleitoral da Guatemala (TSE) anunciou que Bernardo Arévalo, candidato do Movimento Semente, foi o vencedor do segundo turno das eleições presidenciais e se tornou presidente eleito do país centro-americano.
Arévalo obteve pouco mais de 2,4 milhões de votos, equivalentes a 59,1% do total. A candidata Sandra Torres, representante da Unidade Nacional pela Esperança (UNE), recebeu 1,5 milhão, ou 36,2%, segundo a autoridade eleitoral.
A vitória de Arévalo e do Movimento Semente é significativa em um país como a Guatemala, cuja política é dominada historicamente por setores de direita. O futuro presidente sucederá o conservador Alejandro Giammattei, do partido Vamos.
Sociólogo de 64 anos, nascido em Montevidéu (durante o exílio de seus pais no Uruguai), Arévalo é o líder do Movimento Semente, que se descreve como um partido “ecologista, progressista e liberal”, embora alguns analistas locais prefiram categorizá-lo como “social liberal”.
As posições políticas da sua bancada no Congresso mostram semelhanças com o estilo do presidente chileno Gabriel Boric: por exemplo, considera os governos de Nicarágua e Venezuela como ditaduras e exige do presidente Giammattei uma postura oficial de condenação à Rússia e de apoio à Ucrânia, com relação ao conflito entre os dois países – inclusive, chegou a pedir na Justiça (sem sucesso) o cancelamento do contrato do Estado guatemalteco para a aquisição de milhões de doses da vacina russa anticovid Sputnik V.
Entretanto, o vínculo mais controverso do partido é com o presidente de El Salvador, o polêmico empresário e influencer Nayib Bukele.
Nestas eleições da Guatemala, o mandatário salvadorenho não expressou abertamente seu apoio a nenhum candidato, mas em 2019, quando a candidata do Movimento Semente era a ex-promotora pública Thelma Aldana, o principal trunfo da campanha eram declarações de Bukele nas quais ele pedia votos da juventude e a chamava de “futura presidente”.
O resultado traz, como curiosidade histórica, o fato de que o presidente eleito assumirá, a partir de janeiro de 2024, o cargo que já foi do seu pai: Juan José Arévalo governou a Guatemala entre 1945 e 1951, sendo conhecido por um estilo de governo que ele mesmo chamava de “socialismo espiritual”, cujo objetivo era “libertar o indivíduo psicologicamente”. Também foi responsável por grandes reformas na saúde e na educação do país.
Originalmente publicado em Brasil de Fato
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