O juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília, que condenou Walter Delgatti Netto, o hacker responsável por invadir os dispositivos celulares de autoridades em 2019, a 20 anos de cadeia, impediu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de deixar o país e exigiu que o ex-presidente entregasse seu passaporte à Polícia Federal.
A determinação foi resultado de uma solicitação feita pelo Ministério Público Federal, que enxergou riscos de fuga do ex-presidente para evitar a condenação relacionada ao caso do triplex no Guarujá (SP), bem como para evitar outros processos judiciais. O PT interpretou a medida como uma “perseguição política” na época.
Em maio de 2017, Ricardo Leite também ordenou a suspensão das atividades do Instituto Lula, argumentando que a organização poderia ser utilizada como local de planejamento de atividades criminosas. A particularidade dessa decisão foi que ela foi tomada de forma autônoma, sem requerimento prévio do Ministério Público, como é comum no sistema judiciário.
Durante a Operação Zelotes, em 2015, procuradores do Ministério Público Federal solicitaram o afastamento de Leite dos casos relacionados à investigação. Isso ocorreu após o juiz negar solicitações de prisão e medidas de investigação propostas pelo Ministério Público. Na ocasião, o próprio Leite afirmou estar atuando de maneira independente.
A Zelotes investigava um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país.
“O juiz Ricardo Leite negou todos os pedidos de prisão dos investigados, suspendeu escuta telefônica e não autorizou buscas e apreensões”, dizia reportagem da Folha.
“A Procuradoria já representou contra Leite na Corregedoria do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, em abril. Segundo a Folha apurou, se nenhuma medida for adotada pela corregedoria do Tribunal, a Procuradoria da República no Distrito Federal vai recorrer ao Conselho Nacional de Justiça. Segundo a polícia, multas contra empresas somando R$ 19 bilhões tiveram o julgamento alterado pela ação de uma quadrilha que atuava junto ao órgão.”