Empresários investigados pela Polícia Federal (PF) por difundir conteúdos golpistas e fake news compartilharam mensagens com ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao sistema democrático com a assinatura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Os textos, encaminhados no grupo Empresários & Política, no WhatsApp, foram enviados pelos empresários Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, e Luciano Hang, dono das lojas Havan, ambos são investigados pela PF. Além deles, o ex-chofer Nelson Piquet e Emilio Dalçoquio, presidente do conservador Instituto Lux, que não são alvos de inquéritos.
Diversos empresários no grupo encaminhavam mensagens que terminavam com a assinatura “Presidente Jair Bolsonaro“. Vale destacar que várias mensagens eram atribuídas ao ex-mandatário e algumas delas, de fato, foram compartilhadas por Bolsonaro na época. “Resumidamente, os fatos apontam para a atuação do presidente da República Jair Bolsonaro como difusor inicial das mensagens”, diz a investigação da PF.
Uma das mensagens enviadas por Nigri insinuam, sem provas, que haveria fraudes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas eleições. Segundo o inquérito da PF, o bolsonarista atendeu a um pedido do ex-capitão ao compartilhar um texto com ataques ao ministro Luís Roberto Barroso. “Repasse ao máximo”, solicitou Bolsonaro.
Em maio, tanto Meyer quanto Emilio Dalçoquio enviaram um texto assinado por Bolsonaro que tratava de uma ação que o ex-presidente havia ajuizado contra Moraes por suposto abuso de autoridade. “Levando-se em conta seus sucessivos ataques à Democracia, desrespeito à Constituição e desprezo pelos direitos [de] garantias fundamentais”, dizia a nota.
Já em junho, Bolsonaro enviou, em sua lista de transmissão, um vídeo intitulado “Você está pronto para a guerra? Em poucos minutos entenda o perigo em que se encontra o nosso Brasil. Peço assistir e repassar”. Na mensagem em questão, o ex-capitão falava, em uma cerimônia, sobre a tentativa de desarmar a população. O texto foi repassado no grupo de empresários por Meyer Nigri, Luciano Hang, e Nelson Piquet.
Também em junho, Nigri enviou um arquivo de mídia ao grupo e foi questionado por um dos empresário sobre quem se tratava a postagem. Meyer, no entanto, respondeu: “Não sei. Recebi do PR [presidente]. Perguntei quem é, mas ainda não respondeu.”