O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, ex-presidente da corte, manifestou seu repúdio às declarações xenófobas do governador do estado americano da Flórida, Ron DeSantis, que tenta ser o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos no ano que vem.
Em uma entrevista, De Sanctis exibiu seu preconceito contra imigrantes e citou o Brasil como um dos países cujos cidadãos não são bem-vindos nos Estados Unidos. “Do modo como vejo a imigração, se você está na Polônia, no Brasil ou em qualquer lugar, não tem direito de vir para este país.”
Celso de Mello criticou as declarações do governador da Flórida e afirmou que suas ideias para a imigração renegam o que está escrito na famosa Estátua da Liberdade.
Leia a seguir a íntegra da manifestação do ministro aposentado Celso de Mello:
“A POLÍTICA DE IMIGRAÇÃO DO GOVERNO AMERICANO (E DE ALGUNS POLÍTICOS IMBECIS, PRECONCEITUOSOS, XENÓFOBOS E RADICAIS, COMO O ATUAL GOVERNADOR DA FLÓRIDA) RENEGA (E TORNA UMA MENTIRA FRAUDULENTA) A FRASE GENEROSA INSCRITA NO PEDESTAL DA ‘ESTÁTUA DA LIBERDADE’:
‘Venham a mim as massas exaustas, pobres e confusas ansiando por respirar liberdade. Venham a mim os desabrigados, os que estão sob a tempestade. Eu os guio com minha tocha ao lado da porta dourada!’
(‘Give me your tired, your poor,
Your huddled masses yearning to breathe free,
The wretched refuse of your teeming shore.
Send these, the homeless, tempest-tost to me,
I lift my lamp beside the golden door!”).
Esses versos, extraídos do poema ‘The New Colossus’, foram compostos por Emma Lazarus, uma americana de ascendência judaico-sefardita portuguesa!
Nesse poema, sua autora define e retrata a Estátua da Liberdade, simbolizando-a como a ‘Mãe dos Refugiados’ (‘Mother of Exiles’)!
Hoje, no entanto, essas palavras tão nobres quão generosas tornaram-se vazias de conteúdo e destituídas de sentido, dispersando-se pelo vento inclemente e proceloso da insensibilidade de governantes, da ausência de solidariedade, da indiferença cruel aos que buscam abrigo, da rejeição aos que sofrem, do abandono e da aversão às massas perseguidas!!!”
Publicado originalmente em “ConJur”