A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detectou que grupos neonazistas e de supremacistas brancos em aplicativos de mensagens tentaram se associar a movimentos golpistas nas eleições de 2022. Um deles é identificado como “Resistência Sulista 1 Divisão” e foi criado no Telegram em 3 de outubro de 2022, mas as primeiras publicações só se deram em 30 de outubro de 2022.
Outro é identificado como “Sul Independente Milícia” e, segundo o órgão, “difunde imagens com estética e teor associados ao neonazismo aceleracionista”. Um terceiro é chamado de “Soldati Della Luce”(Soldados da Luz), que se autodescreve como “milícia digital” e foi criado em 31 de outubro de 2022 defendendo abertamente a raça branca e contra o Ministério da Igualdade Racional no governo Lula.
Dos três grupos, o Sul Independente Milícia do Paraná compartilhou informações de uma organização mais antiga chamada “Resistência Sulista”, do Rio Grande do Sul, revelam prints enviados ao DCM.
O Resistência Sulista 1 Divisão também é formado por integrantes desse Sul Milícia Independente. Os dois grupos identificados pela Abin compartilharam informações criminosas semelhantes.
Resistência Sulista já existia antes dessas mensagens no Telegram e chegou a organizar um fórum em Porto Alegre com outro grupo que se descreve como “nacionalista”: a Nova Resistência, que tem penetração no PDT e leva ideias de extrema direita ao partido, exaltando figuras como o extremista russo Aleksandr Dugin e seu seguidor, o ex-ministro Aldo Rebelo.
Raphael Machado, um dos representantes da NR, esteve em eventos públicos com Dugin, pensador que foi divulgado no Brasil por Olavo de Carvalho, e com Álvaro Hauschild, que era da Resistência Sulista. Aleksandr Dugin deu palestras na UFPB e até na USP.
Hauschild foi acusado reiteradamente de racismo, principalmente por setores ligados à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde cursava doutorado em Filosofia.
Veio a público a denúncia de que ele mandava mensagens para uma estudante branca, que namorava um estudante negro, fazendo comentários sobre o relacionamento. As mensagens eram que ele “exala um cheiro típico”, “tem um cérebro programado para fazer o máximo de filhos que puder” e que “pode não ser um problema lá onde a natureza dá cabo deles”.
O escândalo envolvendo o nome Hauschild provocou o desligamento dele do grupo Resistência Sulista.
O grupo Sul Independente Milícia, que divulgou mensagens do Resistência, agiu no dia 2 de novembro de 2022 distribuindo cartazes em Descanso, Santa Catarina, “contra ideologia de gênero”, “contra LGBT” e “contra o comunismo”.
A manifestação preconceituosa do Sul Independente Milícia ocorreu no mesmo período que manifestantes bolsonaristas fizeram uma saudação nazista em São Miguel do Oeste, no mesmo estado.
Esses atos extremistas no Telegram também foram denunciados na mesma época pela falecida pesquisadora Adriana Dias, que foi a maior especialista em neonazismo no Brasil. “A célula original é em Descanso – Santa Catarina. Montaram um grupo no telegram. Não entrem no grupo. Não tentem investigar. Não se arrisquem”, alertou ela nas redes sociais.
A célula original é em Descanso – Santa Catarina. Montaram um grupo no telegram. Não entrem no grupo. Não tentem investigar. Não se arrisquem. pic.twitter.com/SWPrKtW5RI
— AdriaAna Dias (@dias_adriana) November 2, 2022
Em maio de 2023, uma operação da Polícia Civil de Santa Catarina que apreendeu materiais de apologia nazista, de cunho preconceituoso e fascista no Paraná desse grupo. A investigação foi iniciada ainda em 2022, sobre autoria de cartazes espalhados na cidade de Descanso.
O delegado Osnei Valdir de Oliveira passou a investigar a autoria de cartazes espalhados em diversos locais da pequena cidade com mensagens contra a população LGBTQIA+ e a favor do movimento separatista do Sul do Brasil. Agora a Abin fecha o cerco contra esses grupos que atuaram no Telegram tentando deslegitimar a eleição de Lula.
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