Relatório denuncia execuções e abusos da PM no Guarujá

Atualizado em 1 de setembro de 2023 às 17:45
Policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar). Foto: Reprodução

Um relatório preliminar do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), divulgado nesta sexta-feira (1º), apontou que policiais militares cometeram abusos durante a Operação Escudo. A ação policial foi deflagrada após a morte de Patrick Bastos Reis, soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).

Entre os dias 14 e 15 de agosto, a entidade ouviu 11 relatos de violações dos direitos humanos durante a operação que matou 24 pessoas.

Segundo o relatório, foram denunciados casos de abuso de poder, descumprimento de leis, descaso com a vida, promovido pelo assassinato de inocentes, além da destruição de provas e atuação violenta contra as comunidades.

Em um dos casos, um jovem baleado no peito e no abdômen, que sobreviveu, ficou aguardando por mais de quatro horas a chegada do socorro. Ainda com o dreno no corpo, ele foi retirado por agentes públicos do hospital, levado à delegacia e depois conduzido ao CDP de São Vicente.

“Ele ainda está com um projétil no corpo”, afirma trecho do documento do CNDH, acrescentando que, até aquele momento, “não havia notícia de que tenha sido realizada tomografia”.

Ação policial no Guarujá. Foto: Reprodução

Outro rapaz foi assassinado por PMs enquanto estava dormindo, segundo o texto elaborado pelo CNDH. Um cachorro também foi morto com tiros disparados por policiais. Apesar de a morte ter ocorrido de manhã, a perícia foi feita apenas no fim do dia.

A população relatou estar se sentindo refém dentro de casa. Isso porque há relatos de atiradores de elite invadindo residências e se posicionando em algumas lajes.

As testemunhas afirmaram que alguns PMs invadiram casas sem ordem judicial e destroem câmeras de segurança privadas, dizendo que “ninguém no morro pode ter câmera de monitoramento”.

Outro caso é sobre a morte de um jovem em situação de rua, que costumava dormir na região do terminal rodoviário Tietê, na zona norte paulistana. Ele foi morto a tiros no bairro da Prainha, em Santos, local para onde foi levado “exclusivamente para ser ali executado”.

Ainda no bairro da Prainha, foi relatado que policiais militares estariam circulando encapuzados, sem câmeras corporais, usando drones e helicópteros.

Dois jovens foram vistos sendo levados para uma viela e, depois de duas horas, foram liberados todo ensanguentados, narraram testemunhas.

A população tem se preocupado com possível interesse comercial e imobiliário que algumas empresas mantêm na região. “Acredita-se que há uma ligação entre a violência e os interesses empresariais”, diz o relatório.

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