Equipe técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) não identificou interesse público na viagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aos Estados Unidos dias antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação foi divulgada pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Segundo Unidade de Auditoria Especializada em Governança e Inovação do TCU, o órgão analisou diversas possíveis motivações da viagem do ex-capitão. Bolsonaro deixou o país dia 30 de dezembro e voltou apenas em março de 2023.
“No presente caso, em nenhum momento foi revelado o interesse público capaz de sustentar a legalidade de uma viagem altamente dispendiosa nas últimas horas de seu mandato”, afirma o relatório.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o custo total da viagem foi de R$ 800 mil, incluindo hospedagens, diárias de seguranças, aluguel de veículos, contratação de intérpretes e auxiliares locais. Além disso, foram mobilizadas, 35 pessoas entre militares e civis, que integraram o “escalão avançado”.
Vale destacar que a Unidade de Auditoria Especializada lembrou o risco de, confirmada a ausência de “justificativa lógica e aceitável” para a viagem, o ex-mandatário ter descumprido os princípios do interesse público, da moralidade e da legalidade na administração pública.
Os técnicos do TCU também descobriram que 111 presentes foram desviados ilegalmente do patrimônio da União na gestão bolsonarista. Uma investigação sigilosa concluída no tribunal promete ampliar ainda mais o escândalo das joias sauditas.
Nos quatro anos, Bolsonaro recebeu 9.158 presentes e, dos 295 ofertados ao Brasil por autoridades estrangeira, ele levou 240 para casa e só deixou 55 no acervo da União. Desses, 111 objetos, “sem natureza personalíssima”, eram de caráter público.