O deboche de Dallagnol, que poderia ter feito delação. Por Moisés Mendes

Atualizado em 11 de setembro de 2023 às 7:05
Deltan Dallagnol. (Foto: Reprodução)

O lavajatismo foi estruturado sobre um esquema de delações, a maioria obtida com a tortura das prisões preventivas intermináveis. E muita coisa ainda não foi esclarecida do funcionamento desse esquema.

Pois agora Deltan Dallagnol, que não consegue ser apenas ex-procurador e ex-deputado, debocha do acordo para a delação de Mauro Cid.

Não deveria debochar. Dallagnol teria escapado da situação que enfrenta se tivesse delatado os métodos de Sergio Moro em Curitiba e admitisse que o juiz mandava no Ministério Público.

Senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Dallagnol só teve sua eleição anulada e seu mandato de deputado cassado porque na origem de tudo estavam as investigações sobre os desmandos cometidos na Lava-Jato.

Sem a imposição de Sergio Moro como chefe de toda a estrutura fascista que caçou Lula, hoje Dallagnol estaria na Câmara como um dos líderes da extrema direita.

Uma delação poderia livrá-lo de parte das acusações, como um servidor induzido ao erro e ao delito (o Conselho Nacional do Ministério Público tem a lista), e transferir quase todas as culpas para o chefe Sergio Moro.

Mas Dallagnol se manteve fiel ao seu líder em Curitiba e hoje é um ex-procurador e um ex-deputado famoso pela capacidade de arrecadar ajuda financeira pelo PIX.

(Este é o trecho em que Dallagnol ironiza a delação, no Twitter, fazendo uma provocação ao ministro Gilmar Mendes: “Será que Gilmar Mendes chamará Moraes de pervertido? Falará de tortura? Mauro Cid ficou preso 4 meses sem acusação. Isso NUNCA aconteceu na Lava Jato. Se ocorresse, teríamos sido punidos porque a prisão seria ilegal, indicando que seu objetivo seria forçar uma delação. E agora?”

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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