Um áudio mostra que uma das filhas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), apoiou a ideia de uma intervenção militar para manter o ex-capitão no poder após sua derrota para o presidente Lula (PT) nas últimas eleições. O material foi obtido pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
A conversa ocorreu em novembro do ano passado. O interlocutor, que parece ter conhecido a jovem recentemente, insinua que Bolsonaro teria uma “carta na manga” para evitar a posse do petista. De início, a filha de Cid desconversou, dizendo que torcia para que Bolsonaro tivesse algum plano, mas acreditava que não haveria nada a ser feito.
No entanto, em seguida, a jovem compartilha uma mensagem que mencionava três cenários para evitar a posse de Lula. Segundo a filha do militar, o “artigo 142” e a “intervenção militar” não manteriam Bolsonaro no poder, mas a “intervenção federal” contemplaria plenamente a expectativa.
“Não (é o artigo 142). É… é intervenção federal. Que é onde os militares não entram no governo. Eles só tomam as ruas. Aí o presidente vai permanecer, então, no caso, o Bolsonaro. E é isso. Amém. Aí tudo fica tranquilo”, afirmou no áudio.
A jovem, então, explica sobre o artigo 142 ao interlocutor, que havia ficado sem entender. “É que, tipo assim, o artigo 142 não tem como colocar em prática. Só se acontecer uma desordem, entendeu? Só que foi a democracia. Foi voto, entendeu? Então nem tem como colocar isso em prática”, disse.
As mensagens interceptadas fazem parte da investigação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no fim da gestão Bolsonaro. Vale destacar que a filha do tenente-coronel, que tem 15 anos, por óbvio, não é investigada.