Em meio às especulações de que Flávio Dino é o preferido de Lula na disputa pela cadeira que será deixada no Supremo Tribunal Federal por Rosa Weber – ela completa 75 anos em outubro, quando se aposenta -, cresce na bolsa de apostas o nome do advogado Marco Aurélio de Carvalho para ocupar o lugar do ex-governador do Maranhão no ministério da Justiça.
Coordenador do Prerrogativas, movimento que ficou conhecido por posições contrárias à Lava Jato, Carvalho já chegou a ser citado pelo próprio Lula, em 2020, como um bom nome para a disputa da prefeitura de São Paulo.
O jurista formado pela PUC-SP é filiado há 30 anos e tem estreito relacionamento com setores históricos do PT, como o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e os deputados Rui Falcão, Emídio de Souza e Gleisi Hoffmann, presidente do partido.
É quem articulou a aproximação do PT com o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que acabou deixando o PSDB para assumir a vaga de vice de Lula na eleição do ano passado. Carvalho também é ligado ao ministro da Economia, Fernando Haddad – juntos, criaram as condições para a aproximação entre o líder petista e o ex-tucano.
No PT, líderes do partido avaliam como positiva a participação do Prerrogativas na construção da candidatura de Lula, em 2022. Integrantes do partido admitem que o apoio dos advogados legitimou o discurso de que o presidente foi vítima de uma ilegalidade organizada pelo ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da chamada República de Curitiba.
Dino é um dos ministros mais bem avaliados do governo e o nome de Marco Aurélio de Carvalho na sua vaga no ministério da Justiça seria, segundo apurou o DCM, a oportunidade de o PT recuperar espaço numa pasta importante para poder lidar com temas como a segurança, entre outros considerados sensíveis para o governo.
O advogado geral da União, Jorge Messias, que será homenageado num jantar em São Paulo nesta sexta, 15, por organizações de juristas, MST, sindicatos e movimentos populares, é outro nome bem cotado para o STF.
Messias está bastante prestigiado no governo pela sua contribuição na garantia do retorno do país ao Estado Democrático de Direito. A Advocacia Geral da União, segundo apurou o DCM junto a interlocutores do presidente, tem colaborado em avanços necessários, em especial na pauta agrária, construindo caminhos e espaços para o diálogo.
Nesse caso, Carvalho é também cotado para substituí-lo na AGU.
O presidente ainda sofre pressão de parte da militância e de movimentos sociais pela indicação de uma mulher negra para a cadeira que será deixada por Rosa Weber, atual presidenta da Corte, mas a indicação de Dino tende a acalmar ânimos desse movimento pelo histórico progressista do ministro.
Em 2020, quando insinuou que Marco Aurélio de Carvalho seria uma boa alternativa à prefeitura de São Paulo, Lula sinalizava para a necessidade de o PT se reorganizar a partir de novas lideranças ligadas aos movimentos da sociedade civil, da mesma forma que fez com Fernando Haddad, que vivou prefeito de capital com seu apoio em 2012 e depois candidato à presidência, em 2018, quando estava injustamente preso em Curitiba por imposição da Lava Jato.