O coach de auditório, ou “self-coach”, como se define o senhor José Roberto Marques – dono do IBC (Instituto Brasileiro de Coaching), favor não confundir com o Instituto Benjamin Constant — lança mão de práticas neopentecostais para fazer sucesso e ganhar dinheiro.
Não só em formato e catarse, como, sobretudo, em uma retórica voltada para o “eu posso”, ou “eu quero e vou conseguir”, que possui proximidade com as “novas liturgias” que utilizam dedo em riste para com deus. Assim surge o que eu chamo de neopenteCOACHalismo.
O coach adentrou igrejas cristãs, templos espiritualistas e até mesmo formou uma espécie de “budismo light”.
Recentemente, o pastor Silas Malafaia teve uma rusga com o coach messiânico Pablo Marçal (sim, ele mesmo: risco em morros, morte de pessoas em maratonas, campanha à presidência, apoio a Bolsonaro etc.). Para o pastor, igreja não é lugar de coach e muito menos dá o direito ao batismo (é, Pablo também batiza em seu “templo”).
Mas o coach foi bem recebido nas igrejas, pois aliou-se à teologia da prosperidade – algo que ele sabe muito bem como promover. Tem grito da masculinidade, incentivo à heteronormatividade, tudo que a machosfera gosta.
Todo o caminho do coachismo à brasileira foi traçado por ambientes férteis para a positividade tóxica, para a troca do conhecimento sólido por formações rápidas com status (certificados internacionais, termos estrangeiros, plateias para aplaudir) e, sobretudo, pela opção pelo cristianismo. Faltava apenas a política: não falta mais.
O coach precisa ser enfrentado, criminalizado e defenestrado de todas as áreas em que o conhecimento sério é atacado e substituído pelo charlatanismo dessa prática. O próximo alvo do coachismo é o parlamento e o executivo de pequenas cidades. Alerta em amarelo piscante.