A grande mídia brasileira jamais decepciona quem não espera nada dela.
Considere o caso de Rogério Chequer, o novo herói da direita.
Nas últimas semanas, é uma figura ubíqua em jornais e revistas graças a um método infalível para quem quer holofotes: falar mal do governo.
Chequer, aos 46 anos, é o líder aparente de um obscuro movimento chamado Vem Pra Rua.
O VPR, agora, está pregando o impeachment de Dilma, por razões tão obscuras quanto o próprio grupo.
A pergunta essencial que um leitor espera ver explorada, na mídia, é esta: quem é este tal de Chequer, que se julga apto a cassar 54 milhões de votos?
Há uma informação chave sobre seu passado que merecia ampla e irrestrita informação.
E o que a mídia faz com ela? Ignora.
Chequer, num vazamento feito pelo Wikileaks, apareceu vinculado à Stratfor, uma empresa americana privada de inteligência que é conhecida como uma segunda CIA.
Convenhamos.
Chequer não viu seu nome ligado ao McDonalds ou à Disney.
A Stratfor fornece informações geopolíticas a empresas e agências governamentais americanas.
Chequer foi ao Roda Viva, comandado pelo Brad Pit de Taquaritinga. Ninguém, no pelotão de entrevistadores, e menos ainda o apresentador, perguntou a ele sobre a Stratfor.
Ele concedeu uma entrevista ao jornalista Pedro Dias Leite, da Veja. Mais uma vez: nenhuma menção à Stratfor.
O jornalismo acabou salvo no único território genuinamente livre da mídia nacional: a internet.
No Tijolaço, o blogueiro Fernando Brito – um dos melhores textos da imprensa brasileira, aliás – ofereceu à sociedade a chance de saber que Chequer aparentemente trabalhou na Stratfor.
Chequer tem tido dificuldades em explicar de onde vem o dinheiro do VPR.
Graças à incompetência (ou má fé) da imprensa brasileira, ele até aqui se livrou de explicar algo muito mais complicado: sua associação com uma empresa sempre comparada à CIA.