O vereador Camilo Cristófaro (Avante) enfrenta o risco de se tornar o primeiro vereador cassado do Brasil devido a acusações de racismo. A informação foi divulgada pelo Metrópoles.
Ele já enfrentou diversas acusações, como o uso de laranjas como doadores de campanha, ofensas a colegas vereadores e envio de uma sacola de dinheiro a um secretário de Transportes, mas conseguiu evitar punições em todos esses casos.
No entanto, sua situação se tornou mais delicada desta vez. Camilo será julgado na Câmara Municipal por ter feito comentários racistas durante uma sessão virtual em maio de 2021. Para que seja cassado por quebra de decoro parlamentar, 37 dos 55 vereadores precisam votar a favor da cassação.
A incerteza, entretanto, paira sobre o resultado, pois Camilo é considerado um “arquivo vivo” com décadas de atuação nos bastidores da política municipal e poderia retaliar antigos aliados em caso de derrota.
Quem é Camilo Cristófaro?
Camilo, advogado de 62 anos com base eleitoral no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo, tem uma longa trajetória na política desde os anos 1970, quando se aproximou do ex-presidente Jânio Quadros.
Ao longo dos anos, ocupou diversos cargos públicos, incluindo a presidência da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) durante a gestão de Celso Pitta e diretor da Empresa de Tecnologia, Informação e Comunicação do Município (Prodam) durante a gestão de Marta Suplicy.
Em 2016, ele decidiu concorrer nas eleições pela primeira vez e obteve uma vitória com uma campanha que focava em combater uma fictícia “indústria da multa” na cidade. Desde então, conseguiu sua reeleição em 2020.
Apesar de seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral de R$ 1,2 milhão, Camilo é conhecido na Câmara por sua coleção de Fuscas, que totalizava 26 carros do tipo em sua declaração ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em 2016.
O vereador também se envolveu em várias polêmicas, incluindo um episódio de agressões verbais contra a então vereadora Isa Penna (PSol), um incidente em que um assessor entregou dinheiro ao secretário de Transportes, e a perda temporária de seu mandato em 2018 por uso indevido do CPF de uma pessoa em situação de pobreza para justificar fundos de campanha.
Em 2019, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) que determinava a perda de mandato de Camilo, após um pedido da defesa do vereador.