Câmara Municipal de SP cassa vereador Camilo Cristófaro por racismo

Atualizado em 19 de setembro de 2023 às 19:19
O vereador Camilo Cristófaro na Câmara Municipal de São Paulo. Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de São Paulo cassou o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) por quebra de decoro parlamentar depois de declaração racista. O placar foi de 47 votos contra o político e cinco abstenções, sem nenhum voto favorável a ele.

Essa é a primeira vez que um vereador perde o mandato por racismo na cidade de São Paulo. A declaração racista do vereador ocorreu em maio de 2022, quando a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga empresas de aplicativo teve os trabalhos interrompidos por um áudio vazado.

Na ocasião, a Câmara ouvia a ex-CEO da Uber, Claudia Wood, e o sócio da empresa de motofrete THL, Thiago Henrique Lima. Ele participava da sessão de forma remota e afirmou: “Não lavar a calçada… É coisa de preto, né?”.

A Câmara é formada por 55 vereadores. Eram necessários 37 votos para que seu mandato fosse cassado. Cristófaro e a vereadora Luana Alves (PSOL), que representa a acusação, não votaram no julgamento. Uma vereadora, Ely Teruel (Podemos), não compareceu.

Marlon Luz (MDB) foi o relator do caso e deu parecer favorável à cassação do mandato, avaliando que houve quebra de decoro. Luana disse que estava presente quando houve a declaração racista e que vários políticos “se sentiram violentados pela fala. “Foi um desrespeito profundo a todos os que estavam presentes e a toda a população negra de São Paulo”, afirmou no momento destinado à acusação.

Cristófaro dividiu seu tempo de defesa com o advogado e acusou Luana de pagar manifestantes para acompanhar a sessão e pedir sua cassação. Ele ainda alegou que em seu gabinete 60% dos funcionários são negros e, na Subprefeitura do Ipiranga, de 16 funcionários, 14 são negros.

Seu advogado, Ronaldo Andrade, disse que os colegas de seu cliente tiraram a fala do contexto para “taxar de racismo”. “Eu sou contra o racismo, mas racismo. Não tirar do contexto uma frase mal colocada e taxar isso de racismo. Não é brincadeira que se faça, só que ele fez com um amigo dele”, argumentou.

Um grupo de manifestantes acompanhou o julgamento do plenário da Câmara Municipal. Ao mesmo tempo, nos arredores da Casa, uma multidão gritava “fora Camilo, fora racista”.

Manifestantes acompanharam cassação de Camilo Cristófaro de dentro do plenário da Câmara Municipal de SP. Foto: Camila Quaresma/g1

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