Na sessão que cassou o mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante) devido a uma fala racista, o advogado Ronaldo Alves de Andrade defendeu seu cliente valendo-se de uma comparação no mínimo controversa. Com informações do jornal O Globo.
Ronaldo Alves de Andrade argumentou que Cristófaro está enfrentando um julgamento que ele considera “injusto”. Segundo o advogado, os partidos políticos já tomaram uma decisão prévia de votar pela cassação do vereador, o que, na visão dele, limita a liberdade dos vereadores de votar de acordo com suas próprias convicções, sob ameaça de serem expulsos de suas siglas.
Ele comparou essa situação ao julgamento de Adolf Eichmann, um tenente-coronel nazista responsável pela deportação de judeus europeus para campos de concentração.
O advogado argumentou que Eichmann também foi submetido a um “pré-julgamento” quando veio para a Argentina após o término da Segunda Guerra Mundial. Ele alegou que o julgamento do militar alemão, em Israel, estava fadado a ser parcial, já que os julgadores não eram imparciais.
De acordo com Alves de Andrade, o vereador Cristófaro também está sendo alvo de um pré-julgamento, e os julgadores não tiveram a oportunidade de analisar as evidências apresentadas nos autos, incluindo a denúncia, a defesa, os testemunhos e a doutrina sobre preconceito e racismo estrutural.
O advogado enfatizou que as manifestações contra o racismo são válidas e necessárias, mas defendeu que um julgador deve ser imparcial e analisar cuidadosamente a conduta em questão. Ele também mencionou sua associação com o rapper Djonga, conhecido pelo lema “fogo nos racistas”.
No entanto, Alves de Andrade argumentou que retirar uma frase do contexto e rotulá-la como racismo não é apropriado. Ele reconheceu que a fala de Cristófaro foi infeliz, mas rejeitou a acusação de racismo, pedindo uma punição alternativa ao vereador em vez da perda de mandato.
Durante seu discurso, o advogado provocou uma interrupção quando mencionou o vereador Adilson Amadeu (União), a quem se referiu como “brincalhão”. Isso resultou em uma breve confrontação entre Amadeu e o advogado, que foram separados por outros vereadores e seguranças presentes.
O presidente da Casa, o vereador Milton Leite (União), pediu desculpas pelo incidente e solicitou a presença de um agente da Guarda Civil Metropolitana para garantir a segurança do advogado.