Especialistas em segurança digital alertam para um vazamento massivo de dados confidenciais que atingiu 83 parlamentares, expondo informações sensíveis, como senhas e endereços pessoais. Os dados foram divulgados devido a falhas de segurança em registros de usuários em diversas plataformas online, incluindo redes sociais, lojas virtuais e sites de financiamento coletivo, ocorrendo ao longo do período de 2012 a 2022.
Senhas de e-mails institucionais também foram vazadas, o que coloca mais em risco informações confidenciais e pode servir como um instrumento para violência política. Ao todo 9 partidos foram afetados pelos vazamentos, sendo 14 parlamentares do PL e 9 do PT, PSD e PP. No total, 76 parlamentares da Câmara dos Deputados foram afetados, enquanto do Senado, 7 tiveram seus dados vazados.
O maior número de vazamentos foi de cunho pessoal, mas o número de vazamentos ligado a questões institucionais, segundo maior número, preocupa e a exposição ilegal de informações pessoais coloca esses representantes públicos em situações de risco e vulnerabilidade à violência política, de acordo com especialistas.
Mesmo que nem todos os vazamentos revelem informações confidenciais sobre os parlamentares, uma informação simples pode ser cruzada com dados já disponíveis, permitindo a descoberta de detalhes ocultos sobre a vítima do vazamento, alerta Bruno Bioni, diretor fundador do Data Privacy Brasil. “Há incidentes de segurança espalhados em diferentes bases de dados, o que é preocupante pelo potencial de cruzamento entre esses dados, que pode levar a inferências sensíveis”, explica.
O vazamento incluiu endereços de IP, que funcionam como um “CEP virtual” identificando a localização de acesso à conta. Isso possibilita a identificação de locais frequentados pelos parlamentares, incluindo residências ou estabelecimentos, tornando-os ainda mais vulneráveis.
A Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável por monitorar incidentes de segurança no Brasil, recebeu apenas 473 casos de vazamento de dados até dezembro de 2022, um número consideravelmente menor em comparação com outros países. A ANPD esclarece que não há categorização específica para incidentes que envolvem parlamentares.
A Câmara dos Deputados afirmou adotar protocolos para prevenir incidentes de segurança, enquanto o Senado ainda não se manifestou sobre o assunto.