Violação de direito internacional humanitário: ONU condena “cerco total” de Israel à Gaza

Atualizado em 11 de outubro de 2023 às 9:09
Imagens do conflito que ocorre no território da Palestina. (Foto: Reprodução)

A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou o “cerco total” imposto por Israel a Gaza, declarando que a privação de insumos básicos à população civil na Faixa de Gaza é uma violação do direito humanitário internacional. O posicionamento da ONU surge no quarto dia de conflito, quando as hostilidades persistem em alto nível, com Israel realizando ataques contínuos contra alvos que afirmam pertencer ao Hamas, enquanto as autoridades de Gaza denunciam ataques a infraestruturas e alvos civis.

“A imposição de cercos que põem em perigo a vida de civis, privando-os de bens essenciais à sua sobrevivência, é proibida pelo direito humanitário internacional”, afirmou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado divulgado à imprensa.

“Sabemos, por experiência amarga, que a vingança não é a resposta e, em última análise, os civis inocentes pagam o preço”.

Palestinos inspecionam os escombros de um edifício após ter sido atingido por um ataque aéreo israelense, na cidade de Gaza, em 8 de outubro de 2023 — Foto: Fatima Shbair/AP

A preocupação das agências das Nações Unidas e de parte da comunidade internacional em relação ao território palestino aumentou com a forte ofensiva de Israel em resposta ao ataque realizado pelo Hamas no último sábado (7).

Bombardeios intensos praticamente bloquearam o espaço aéreo, e dezenas de milhares de soldados foram convocados e enviados para a fronteira sul. Na segunda-feira (9), o ministro da Defesa, Yoav Gallant, prometeu que nem energia nem comida seriam autorizados por Israel em Gaza.

Nesta terça, as Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram que reconquistaram todos os territórios do sul que haviam sido invadidos pelo Hamas, indicando que 1,5 mil corpos de integrantes do grupo foram encontrados durante a retomada. Paralelamente, bombardeios incessantes foram lançados em direção a Gaza, atingindo infraestruturas vitais para o enclave palestino, como a região portuária. A destruição de infraestrutura civil é considerada crime de guerra.

Parentes carregam os corpos de crianças da família Abu Quta que foram mortas em ataques israelenses na cidade palestina de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 8 de outubro de 2023 — Foto: Said Khatib/AFP

Os ataques aéreos também ampliaram a contagem de mortos. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, um total de 830 pessoas morreram devido aos bombardeios, transformando o céu do território em um campo minado. Autoridades de saúde palestinas também denunciaram bombardeios deliberados contra infraestrutura hospitalar, atingindo sete hospitais e resultando na morte de cinco médicos.

Mesquita destruída por um ataque aéreo israelense em Khan Younis, Faixa de Gaza, em 8 de outubro de 2023 — Foto: Yousef Masoud/AP

A ONU relatou que pelo menos dois hospitais e dois centros geridos pela Crescente Vermelha foram alvejados. Israel alega que os ataques aéreos contra Gaza visam locais relacionados ao Hamas e acusa os membros do grupo de se esconderem em casas, escolas e hospitais.

Corredor Humanitário

A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a criação de um corredor humanitário em Gaza para garantir a entrada de suprimentos médicos essenciais para a população civil. Diplomatas da União Europeia e dos países do Golfo, reunidos em Omã, solicitaram que o financiamento à Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) não seja totalmente suspenso devido à guerra.

Conflito

A escalada de violência resultou em um êxodo significativo dos palestinos. De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), já são 187,5 mil deslocados internos na Faixa de Gaza.

Jens Laerke, porta-voz da OCHA, destacou: “O número de pessoas deslocadas aumentou consideravelmente na Faixa de Gaza, subindo para mais de 187,5 mil desde sábado. A maioria está abrigada em escolas da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA)”.

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