Embaixador de Israel que ataca Lula e o PT montou “frente” com deputados bolsonaristas

Atualizado em 17 de outubro de 2023 às 19:27
O embaixador de Israel, Daniel Zonshine, com o então presidente Bolsonaro

O embaixador de Israel Daniel Zonshine tem trabalhado contra o Brasil e, no limite, contra uma possibilidade de cessar-fogo no Oriente Médio. Mais do que isso, está sabotando o governo brasileiro e tentando desgastá-lo com um jogo sujo de relações públicas.

Numa nota maliciosa, Zonshine atacou o posicionamento do PT na guerra. “Qualquer pessoa que pense que o assassinato bárbaro, a violação e a decapitação de pessoas é uma posição política, ou que se trata apenas de uma luta política legítima, possui uma extrema falta de compreensão da atual situação”, diz o texto.

“É muito lamentável que um partido que defende os direitos humanos compare a organização terrorista Hamas, que vai de casa em casa para assassinar famílias inteiras, com o que o governo israelense está fazendo para proteger os seus cidadãos. Deve ser feita uma forte separação entre a organização terrorista Hamas e os palestinos”.

O PT respondeu que “todos têm direito a defender seu povo, mas a busca por justiça não se confunde com vingança nem pode se dar por meio da Lei de Talião”.

Nos últimos dias, Zonshine tem intensificado o diálogo com deputados bolsonaristas, pedindo que promovam medidas legislativas para oficializar o Hamas como grupo terrorista. Ele mesmo expressou seu desagrado com o que considerou “brandas declarações” sobre o conflito.

No início da semana, enviou um ofício aos parlamentares de extrema-direita com essas demandas. Reuniu-se com vários deles na Câmara durante a votação de moções que apoiam Israel e condenam o Hamas.

A reunião incluía luminares como Eduardo Bolsonaro (SP), Nikolas Ferreira (MG) e Carla Zambelli (SP).

Embaixador de Israel se reúne com deputados bolsonaristas

O deputado Gilberto Abramo, presidente do grupo Brasil-Israel, expressou sua preocupação e a necessidade de o Brasil “agir”. Uma colega celerada chegou a sugerir que mandássemos tropas para a zona de guerra.

O antecessor de Zonshine, Yossi Shelley, beijava a mão de Bolsonaro e era ainda mais entregue à militância. Saiu corrido do país depois que uma mulher denunciou-o por assédio. Segundo o “Haaretz”, mais antigo jornal de Israel, Shelley tentou marcar um encontro com uma brasileira, passou seu telefone pessoal para dar uma informação consular e insinuou favores sexuais em troca de ajuda. O caso foi devidamente abafado.

Israel ganha um bom dinheiro com pastores que levam otários para ser batizados no Rio Jordão e gastar dinheiro na “Terra Santa”. A ligação com esses evangélicos obedece a uma lógica financeira. A afinidade ideológica é consequência.  

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma intervenção humanitária na região e pediu que o Hamas libertasse as crianças israelenses sequestradas.

Lula também apelou a Israel para interromper os bombardeios, permitindo que crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza. Ele ressaltou a necessidade de humanidade em meio ao conflito em suas declarações nas redes sociais.