Em entrevista ao jornal O Globo, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirmou, duas semanas após o assassinato do irmão, o médico Diego Bomfim, ter sido alvo de ameaças e que, por isso, pediu à Câmara para reforçar sua segurança por meio de escolta da Polícia Federal (PF):
Qual a avaliação que faz das investigações sobre o assassinato de seu irmão?
Quando soube do crime, imaginei imediatamente uma represália contra mim. Hoje, a investigação aponta para morte por engano e não duvido das investigações realizadas até aqui. Mas eu sempre recebi muitas ameaças e não consigo me distanciar desse tipo de pensamento involuntário, já que essas intimidações não cessaram após o assassinato do meu irmão.
Houve novas ameaças após a morte dele?
Recebi novas mensagens e e-mails, já encaminhados à Polícia Federal. Alguns grupos reivindicam a autoria do crime, dizem que são os autores da execução. Outros se aproveitam do ocorrido e ameaçam, dizem que serei a próxima vítima, caso não repense a minha atuação política. Tem quem se aproveite desse momento para ameaçar a vida do meu filho, uma criança, e do meu marido. É aterrorizante receber este tipo de e-mail. Desesperador.
Como essas ameaças têm interferido no seu dia a dia?
Passei a andar com escolta, igual ao (ex-deputado federal) Marcelo Freixo, graças a uma autorização que recebi da Mesa Diretora da Câmara. É nesse momento que percebemos o quanto somos vulneráveis. Neste contexto, como me distancio do medo? Fui obrigada a pedir à Polícia Federal o reforço da minha segurança. Ando triste pelo meu irmão, pelo Brasil. Como parlamentar, acabamos lidando com segurança pública, mas me ver no meio disso tudo é ruim demais, um desalento. (…)
Acredita que, com a hipótese de crime político descartada, a PF precisa continuar a acompanhar o caso?
Precisamos ter a PF junto dessa investigação. A Polícia Federal atua, legalmente, pela hipótese de haver algo neste crime pelo fato de eu ser irmã da vítima e sempre se colocou à disposição. Nos preocupa muito a notícia de que três dos envolvidos podem ter sido executados. Isso dificulta muito o entendimento da totalidade das coisas.
Teme que o crime possa ficar sem solução?
Sim, temo muito pela falta de um desfecho. Conhecemos a segurança do Brasil e do Rio de Janeiro. E não se trata apenas de saber quem apertou o gatilho ou mandou apertar, mas há uma estrutura por trás. Isso foi consequência de algo maior. Considerando essa linha, tenho medo sim de não irmos tão a fundo. Mas, é claro que novas hipóteses ainda podem surgir e isto também amedronta muito a minha família. (…)