Kits humanitários enviados pelo Brasil chegam ao Egito para serem entregues em Gaza

Atualizado em 18 de outubro de 2023 às 15:02
Kits humanitários descarregados do avião presidencial no aeroporto de Al-Arish, no Egito. Foto: GOV BR / FAB

O Brasil enviou, como ajuda humanitária, 40 de purificadores de água e cerca de 300 quilos em medicamentos para a Faixa de Gaza. O objetivo, nesse momento, é ajudar cerca de 3 mil pessoas que sofrem, e tentam fugir, dos bombardeios israelenses que, até o início desta quarta-feira (18), mataram mais de 3,4 mil palestinos, segundo o ministério da Saúde da Palestina. 

O governo Lula anunciou que o material da ajuda desembarcou às 16h do horário local no Egito, próximo à fronteira com Israel, para ser levado por terra até Gaza. Após deixar os mantimentos, o avião da Força Aérea Brasileira seguiu para a capital, Cairo, onde aguardará o resgate de brasileiros na região do conflito.

Leia o comunicado do governo na íntegra:

Um pouso às 16h04 no horário local do Aeroporto Internacional de Al-Arish, no Egito, marcou uma nova fase da Operação Voltando em Paz. A missão foi montada pelo Governo Federal para repatriar brasileiros que estão na zona do conflito no Oriente Médio e, desta vez, o avião presidencial foi aproveitado para levar apoio humanitário aos moradores da Faixa de Gaza.

O VC-2 levou ao Egito, sob comando do major Thiago Junqueira, um kit de ajuda humanitária destinado à população em Gaza composto por equipamentos de filtragem de água e itens de saúde. São 40 purificadores de água com capacidade de tratar mais de 220 mil litros por dia. Com tecnologia e fabricação brasileiras, os equipamentos são capazes de remover 100% de vírus e bactérias da água. O acesso à água potável é uma das maiores dificuldades enfrentadas hoje pela população da Faixa de Gaza.

Além disso, foram desembarcados dois kits de saúde. Cada um atende até 3 mil pessoas ao longo de um mês. Eles são compostos por medicamentos e insumos, como anti-inflamatórios, analgésicos, antibióticos, além de luvas e seringas. Ao todo, são 48 itens em cada kit, com um total de 267 quilos de materiais.

O pedido de assistência humanitária foi recebido na quinta-feira passada, 12 de outubro, pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC) do Itamaraty, coordenadora do sistema de cooperação internacional brasileiro. Demandada pela ABC/MRE, a fabricante nacional de purificadores PWTech, que desenvolve sistemas para tratamento de águas contaminadas, fez a entrega em seis horas e sem custo algum.

“Estamos todos muito satisfeitos com a chegada da ajuda humanitária do Governo Federal ao Egito, para posterior envio à Faixa de Gaza. A operação logística foi um sucesso, graças ao empenho decidido e coordenado do Itamaraty e da Força Área Brasileira”, declarou o embaixador do Brasil no Egito, Paulino Franco de Carvalho Neto.

Crianças palestinas vítimas de ataques de Israel em Gaza. Reprodução

CRESCENTE VERMELHO – Após o desembarque do material cedido pelo Brasil, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito tramita a conferência da carga para realizar a liberação dos kits humanitários.
A partir daí, o Crescente Vermelho, movimento humanitário não vinculado a qualquer Estado e fundado em Genebra, na Suíça, em 1863, assume a responsabilidade de coordenar a logística de transporte, o cruzamento da fronteira e as entregas em Gaza.

CAIRO – A missão da tripulação do VC-2 em Al-Arish foi breve e durou pouco mais de uma hora. Após realizar o desembarque, a aeronave decolou às 17h07 (horário local) e chegou ao Cairo às 17h47. A tripulação ficará de prontidão na capital do Egito à espera da abertura da fronteira da Faixa de Gaza, para repatriar cidadãos brasileiros e seus familiares.

ESCASSEZ AGUDA – Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais em Gaza enfrentam escassez aguda de suprimentos médicos. Há interrupção do fornecimento de eletricidade e água à Faixa de Gaza e, segundo a entidade, os danos causados pelo conflito às infraestruturas de água e saneamento e a superlotação nos assentamentos humanos aumentam o risco de surtos de doenças.

Cerca de 95% da população de Gaza não tem água potável disponível. Devido à extração excessiva do aquífero costeiro e à infiltração pela água do mar e esgotos, a água da torneira é salgada, poluída e imprópria para beber.

De acordo com a OMS, uma pessoa precisa de no mínimo 100 litros por dia para beber, lavar, cozinhar e tomar banho — e, em situações emergenciais e de crises, precisa de um mínimo de 7,5 a 15 litros por dia. Em Gaza, o consumo médio é de cerca de 84 litros por pessoa. Desses, apenas 27 litros são considerados adequados para uso humano.

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