Um bombardeio em um hospital na Faixa de Gaza, onde estavam centenas de pacientes, médicos e socorristas, e cerca de mil refugiados, deixou centenas de mortos na última terça-feira (17). Ao menos 471 pessoas morreram, segundo autoridades palestinas.
Vídeos divulgados pela mídia local e internacional mostraram cenas caóticas do lado de fora do Hospital Al-Ahli Arab, na Cidade de Gaza. Nas imagens, é possível ver pessoas ensanguentadas e mutiladas sendo carregadas em macas no escuro.
O episódio ocorreu em meio aos ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza, que já resultaram em mais de 4 mil mortes, segundo o Ministério da Saúde de Gaza. Estes bombardeios são uma resposta ao ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que causou a morte de mais de 1.400 pessoas, a maioria civis.
A explosão no hospital Al-Ahli Arab aconteceu por volta das 19h50, horário local. Os relatos iniciais apontavam para a suposta queda de um foguete.
“Parte do hospital está em chamas”, disse o cirurgião britânico-palestino Ghassan Abu Sittah à BBC. “Não sei se é no pronto-socorro, mas tenho certeza que a sala de cirurgia [foi atingida]. Parte do teto caiu. Há vidro por toda parte”, acrescentou.
Outro médico disse que 80% do hospital estava inutilizado e que centenas de pessoas morreram ou ficaram feridas na explosão. Além dos pacientes e dos trabalhadores, dentro e fora do prédio havia civis em busca de um local seguro em meio aos bombardeios.
Até a semana passada, aproximadamente 6 mil refugiados estavam no local, mas um ataque aéreo no último sábado (14) que deixou quatro feridos fez com que cerca de 5 mil deixassem os arredores do hospital.
O Hamas culpou Israel pelo ataque, classificando o episódio como “crimes de guerra”. “O hospital abrigava centenas de pacientes doentes e feridos, e pessoas deslocadas à força de suas casas”, disse o grupo.
Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel negaram ter bombardeado a unidade de saúde. “A inteligência e múltiplas fontes que temos em mãos indicam que [a facção palestina aliada do Hamas] Jihad Islâmica é a responsável pelo lançamento fracassado de um foguete que atingiu o hospital de Gaza”.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, culpou “terroristas bárbaros” pela explosão. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, disse que o bombardeio foi um “horrível massacre de guerra” e que Israel “ultrapassou todos os limites”.
Líderes internacionais expressaram repulsa à violência, e a Casa Branca confirmou o cancelamento de uma cúpula de líderes internacionais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Médicos Sem Fronteiras, ONG que tem profissionais de saúde em Gaza, condenaram o ataque ao hospital.