O governo Lula está buscando uma estratégia para unificar o discurso em relação ao conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. A demissão do presidente da EBC, Hélio Doyle, devido às suas críticas abertas aos israelenses, agravou o desgaste do governo em relação à narrativa da situação.
Agora, a orientação é que todos os membros do governo sigam o “bom senso” em suas manifestações, alinhando-se à retórica de Lula e às declarações oficiais da diplomacia brasileira. Manifestações mais ideológicas, especialmente a favor do lado palestino, devem ser atribuídas ao PT, evitando assim desgastes para o governo federal, tanto internamente como no cenário internacional.
A demissão de Hélio Doyle ocorreu após ele compartilhar nas redes sociais críticas ao lado israelense, incluindo uma mensagem em que chamou os apoiadores de Israel de “idiotas”. Essas manifestações desafiaram a postura do Brasil, que busca negociar um cessar-fogo e um corredor humanitário na guerra, já que o país ocupa a presidência do Conselho de Segurança da ONU.
O Planalto alega que uma posição de equilíbrio é essencial para manter o diálogo com ambas as partes da guerra e com as grandes potências. No entanto, uma resolução brasileira que propunha um cessar-fogo e um corredor humanitário foi derrotada devido ao veto dos Estados Unidos, apesar de angariar 12 votos favoráveis.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta (PT), enfatizou a importância do “bom senso” nas manifestações dos ministros e membros do governo.
Ele ressaltou que não há censura, mas a recomendação é evitar “achincalhamento” ou “ataques gratuitos” em relação ao conflito. O governo espera que as opiniões e manifestações sejam respeitosas, sérias e em linha com a busca pela paz e pela segurança das famílias na zona de conflito.
Interlocutores de Doyle, por sua vez, argumentam que diversos membros do governo e do Partido dos Trabalhadores (PT) expressaram opiniões críticas sobre Israel no contexto do conflito, sem sofrer consequências sancionatórias.