A deputada Carla Zambelli (PL-SP) pediu para o hacker Walter Delgatti Neto descobrir o endereço de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Em áudios enviados pela parlamentar e encaminhados a um amigo do hacker no dia 26 de novembro de 2022, ela diz que “precisava do endereço de Brasília” de um dos magistrados.
“Ô Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Precisava do endereço daqui de Brasília”, diz Zambelli em um dos áudios. “Não, não pode ser, porque quadra é prédio, e ele deve morar numa casa no Lago Sul, alguma coisa assim. Deve ser coisa do STF. Isso provavelmente deve estar nos arquivos do STF como casa… casa tipo… funcional, entendeu?”, afirma na sequência.
O advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, afirma que os áudios tratavam do endereço de Alexandre de Moraes. Ele ainda aponta que as mensagens comprovam que a relação entre Zambelli e Delgatti não se resumiam somente à administração das redes da deputada, como ela alega.
Nossa, alguém sabe dizer por que a deputada federal @Zambelli2210 queria que o “hacker” da Vaza Jato encontrasse o endereço de um ministro do STF? Será que ela queria enviar um presente? pic.twitter.com/t43GUqQx1q
— jairme (@jairmearrependi) October 23, 2023
Os áudios foram encaminhados por Delgatti a um amigo, junto de outras mensagens. Nelas, Zambelli teria dito: “Já publicou? E a decisão que fizemos? Essas contas são dele mesmo? Ah, precisava do endereço dele aqui em Brasília…”. Na sequência, Delgatti menciona “Xandão” e diz que conseguiu “quebrar o sigilo” do ministro.
O hacker está preso por invadir o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e expedir uma falsa ordem de prisão contra Moraes assinada pelo próprio ministro. A inserção do documento foi registrada em 4 de janeiro, um mês depois do envio dos áudios.
A Polícia Federal tem procurado provas que vinculem a deputada ao crime de invasão aos sistemas do CNJ. Peritos têm analisado celular, HD e computador apreendidos com Delgatti.
Zambelli diz que não se lembra do contexto da conversa, mas que “certamente não era nada ilícito”. Ela ainda diz que não pode verificar detalhes da conversa porque teve o celular apreendido pela PF.