Na última segunda-feira (23), o governador do Rio, Cláudio Castro, anunciou que seu foco na área da segurança é capturar três bandidos envolvidos em uma violenta disputa por território que tem resultado em inúmeras vítimas em várias regiões do estado. A declaração ocorreu em meio a ataques com dezenas de ônibus incendiados por criminosos.
Os alvos são Luis Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho; Danilo Dias Lima, apelidado de Tandera; e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, também chamado de Abelha. Eles são os três criminosos mais procurados no Rio de Janeiro após os ataques da última segunda.
“Zinho, Tandera e Abelha: não descansaremos enquanto não prendermos”, declarou Castro durante coletiva de imprensa.
Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho
Ele é apontado como o chefe da maior milícia do estado do Rio de Janeiro. A morte de seu sobrinho, Matheus da Silva Rezende, também conhecido como Faustão, em um confronto com a polícia na última segunda-feira (23), desencadeou uma violenta retaliação por parte da quadrilha. Criminosos atearam fogo em ônibus, caminhões, carros e até em um vagão de trem em resposta.
Zinho assumiu o posto de chefe do bando um pouco mais de dois anos atrás, após a morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, também conhecido como Ecko. Assim como seu parente, Zinho não possui histórico nas forças policiais, diferentemente de muitos dos líderes de milícias anteriores. Antes de assumir o controle do grupo, ele estava encarregado da contabilidade e da lavagem do dinheiro obtido a partir de atividades ilegais.
Atualmente, a polícia estima que ele arrecada mensalmente uma quantia significativa, variando entre R$ 5 milhões a R$ 10 milhões, apenas na área que engloba a maior parte dos bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Paciência.
A maior parte desses recursos provém do transporte alternativo, com a milícia cobrando taxas de motoristas de vans, o que gera um montante de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões por mês, de acordo com investigações. Além disso, esses grupos paramilitares exploram negócios como a venda clandestina de sinal de TV a cabo e a cobrança de taxas de segurança.
Danilo Dias Lima, o Tandera
Tandera é outro personagem de destaque no cenário criminoso do Rio. Ele rompeu com a milícia de Ecko e Zinho, juntamente com seus comparsas, passando a invadir territórios previamente controlados por esses líderes.
Ele agora comanda regiões em cidades como Seropédica, Queimados e Nova Iguaçu, todas na Baixada Fluminense. Esse paramilitar é conhecido pelo seu estilo bélico e brutalidade ao buscar manter suas atividades criminosas.
Uma denúncia do Ministério Público do Rio contra a milícia de Tandera inclui vídeos, imagens e relatos de extrema violência. Os registros mostram cenas de decapitações, tiroteios, amputações e humilhações das vítimas. Além disso, uma investigação do MP-RJ revelou que a quadrilha de Tandera utiliza criptomoedas para lavagem de dinheiro.
De acordo com informações obtidas pela polícia, ele traz tatuado no peito o Olho de Tandera, símbolo dos Thundercats, seriado de animação que fez sucesso no Brasil em meados dos anos 80. Ainda segundo a polícia, seus principais aliados fizeram o mesmo desenho na pele.
Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha
Abelha é o único traficante entre os três bandidos mencionados por Cláudio Castro em seu discurso. Ele é um dos membros mais influentes da cúpula da maior facção criminosa do estado. Em julho de 2021, Abelha saiu da cadeia, mesmo tendo um mandado de prisão em seu nome. Esse episódio desencadeou uma crise em vários órgãos de segurança pública do estado.
Poucos dias antes de sua libertação, a unidade prisional em que Abelha estava recebeu diversas comodidades, como tortas, cortes de frango, salgadinhos, cigarros e bolos, coincidindo com seu aniversário. Esses eventos suscitaram investigações por parte da Vara de Execuções Penais e do Ministério Público do Rio. Desde então, o traficante é considerado foragido.
Vale destacar que Abelha é réu em um processo que o acusa do homicídio de Ana Cristina Silva, de 25 anos, baleada durante uma invasão de sua quadrilha ao Morro de São Carlos, no Estácio, em agosto de 2021.
O bando de Abelha esteve envolvido em diversos confrontos, especialmente em bairros da Zona Oeste, com a favela da Gardênia Azul sendo um dos palcos de dez tentativas de invasão em pouco mais de um mês, entre o final do ano passado e o início de 2023.