O jornal britânico Financial Times criticou a diferença de tratamento do Ocidente sobre os conflitos na Ucrânia e em Gaza, com a proximidade de um ataque isralense. Segundo o FT, “a situação dos palestinos presos no enclave é catastrófica”.
“A explosão que matou centenas de palestinos no hospital Batista enfureceu os aliados árabes dos EUA”, diz o jornal, citando o cancelamento de uma reunião de cúpula entre Jordânia, EUA e outros países árabes como um exemplo.
“Os EUA e as democracias ocidentais devem oferecer socorro a um aliado traumatizado, ajudar a reforçar as suas defesas e dissuadir outros inimigos de se juntarem ao Hamas na guerra e evitar que Israel cause mais perdas civis”.
A escala das atrocidades cometidas pelo Hamas durante os ataques de 7 de outubro significou que a resposta inicial do Ocidente tinha de ser “abraçar Israel”. A nação enlutada perdeu 1.400 pessoas e outras 200 foram feitas reféns, segundo autoridades israelenses.
Porém, o jornal compara com outra situação na qual os EUA e a Europa instaram as democracias emergentes, como o Brasil, a criticar a Rússia. Essa percepção de que há dois pesos e duas medidas nessa comparação é dádiva para Moscou e Pequim, adiciona o FT.
“Se o corte de alimentos, água e energia por parte da Rússia nas cidades ucranianas é um crime de guerra, porque não se diz o mesmo das táticas de Israel em Gaza?”, questiona.
“Israel tem o direito de proteger os seus cidadãos e de se defender. Mas o Ocidente precisa ajustar o discurso”. Um grupo de advogados britânicos escreveu ao FT dizendo que o sítio à Faixa de Gaza viola o direito internacional. Protestos em capitais europeias apelavam a Israel que poupasse os 2,3 milhões de civis em Gaza.
Durante uma visita a Tel Aviv esta semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, “pareceu adotar o tom certo, combinando apoio com advertências para que Israel não repita os erros dos EUA após o 11 de setembro”, alerta o FT. Biden compreende que a “guerra ao terror” desencadeou o caos em todo o Médio Oriente e corroeu a visão do mundo sobre os EUA.
Também de acordo com o FT, Biden também obteve de Israel a garantia de que os civis receberiam ajuda humanitária. No entanto, alimentos e remédios estavam parados na fronteira do Egito até sexta-feira. O jornal encerra o editorial dizendo que o direito internacional não pode ser uma mercadoria que o Ocidente apoia quando é conveniente.