Abin: Ramagem impediu demissão de servidores investigados pela PF

Atualizado em 25 de outubro de 2023 às 11:58
O ex-diretor da Abin e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Foto: reprodução

Em setembro de 2021, quando atuava como diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) impediu a demissão de dois servidores da agência que acabaram sendo exonerados apenas na última sexta-feira (20). A informação foi divulgada na coluna de Juliana Dal Piva, do UOL.

A exoneração aconteceu após os servidores serem presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Última Milha, que investiga o uso indevido de um sistema de geolocalização de dispositivos móveis por parte de servidores da Abin para espionar integrantes do Judiciário entre 2019 e 2021, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

As demissões dos servidores, Rodrigo Colli e Eduardo Arthur Izycki, foram assinadas pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e publicadas no Diário Oficial da União.

Em nota, a Casa Civil justificou as demissões dizendo que, em 2018, foi “constatada a participação [de Rodrigo e Eduardo], na condição de sócios representantes da empresa ICCIBER/CERBERO, de pregão aberto pelo Comando de Defesa Cibernética do Exército Brasileiro”. O pregão tinha por objeto a compra de solução de exploração cibernética capaz de realizar coleta de dados em diversas fontes da internet.

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Alexandre Ramagem e Jair Bolsonaro. Foto: Repodução

A interferência do bolsonarista no processo resultou em um atraso significativo. Após a apuração da corregedoria-geral da Abin, que recomendou a demissão dos servidores, Ramagem solicitou novos depoimentos e coleta de provas, além da criação de uma nova comissão para analisar o caso. Isso atrasou a demissão em mais dois anos.

Ramagem, que chefiou a Abin de 2019 a março do ano passado, quando deixou o cargo para concorrer à eleição para deputado federal, teve sua interferência no caso investigada pela PF. Suspeita-se que a direção da Abin estivesse sendo chantageada pelos servidores, que supostamente ameaçavam denunciar o uso ilegal da ferramenta First Mile.

Ao barrar o pedido de demissão, o simpatizante do ex-mandatário alegou falta de individualização de condutas, ausência de oitiva dos proprietários e gestores da empresa privada, e a necessidade de mais provas do conflito de interesses.

A operação da corporação também coloca Ramagem sob escrutínio nas investigações do inquérito das milícias digitais, que apura uma organização criminosa supostamente criada para tentar um golpe de Estado no Brasil e manter Bolsonaro ilegalmente no poder.

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