O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez críticas contundentes ao conflito em curso entre Israel e o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza. Durante um evento no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (25), o petista expressou sua preocupação com o destino dos brasileiros retidos na região. Ele classificou o conflito como um “genocídio” e falou de sua perplexidade diante das vidas de crianças inocentes que estão sendo ceifadas.
“Não se trata de ficar discutindo quem está certo e quem está errado, quem deu o primeiro tiro e quem deu o segundo. O problema é o seguinte: não é uma guerra, é um genocídio que já matou quase duas mil crianças que não têm nada a ver com essa guerra, que são vítimas dessa guerra”, afirmou o presidente.
Nos últimos dias, o governo Lula articulou estratégias para unificar o discurso em relação ao conflito no Oriente Médio. A orientação é que todos os membros do governo sigam o “bom senso” em suas manifestações, alinhando-se à retórica de Lula e às declarações oficiais da diplomacia brasileira. Manifestações mais ideológicas, especialmente a favor do lado palestino, devem ser atribuídas ao PT, evitando assim desgastes para o governo federal, tanto internamente como no cenário internacional.
No evento desta quarta, Lula também abordou a seca no Amazonas, dizendo que “não é um problema só dos estados da Amazônia, é um problema do Brasil”. Ele também falou da crise de segurança pública no Rio de Janeiro, comparando a violência e os recentes ataques incendiários a ônibus na cidade com a situação na Faixa de Gaza, sendo outro exemplo de questão que precisa ser discutida além da região que vive o caos.
“O problema da violência no Rio de Janeiro, era muito fácil eu ficar vendo aquelas cenas que ontem apareciam na televisão, que parecia a própria Faixa de Gaza de tanto fogo, tanta fumaça, e dizer que é um problema do Rio de Janeiro, do Eduardo Paes, do governador. Não. É um problema do Brasil”, enfatizou Lula.
A ausência do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), no evento em Brasília, mesmo com uma série de agendas programadas, também foi notada. No entanto, o bolsonarista alegou ter reuniões previstas com autoridades como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Defesa, José Múcio. A segurança pública no Rio de Janeiro foi reforçada com a ajuda da Polícia Federal, 300 agentes da Força Nacional e 86 viaturas.
Na última segunda-feira (23), a Zona Oeste do Rio foi alvo de ataques incendiários que assolaram a população da região.
Diversos ônibus e um trem foram destruídos nos ataques. Os veículos afetados incluíram coletivos municipais, ônibus de trânsito rápido (BRT) e veículos de turismo e fretamento, levando ao bloqueio de diversas vias em diversos bairros da área, impactando diretamente mais de um milhão de moradores.
Os episódios desencadearam cenas de pânico, com passageiros forçados a abandonar precipitadamente os ônibus antes que estes fossem consumidos pelas chamas.