Três deputadas estaduais de Minas Gerais foram alvos de ameaças de estupro e de morte nesta quarta-feira (25). Lohanna França (PV), Bella Gonçalvez (PSOL) e Beatriz Cerqueira (PT) têm sido alvo de intimidação pelas redes sociais e e-mails funcionais há pelo menos dois meses.
As ameaças voltaram após o deputado Cristiano Caporezzo (PL), colega das parlamentares na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), divulgar nesta quarta um vídeo questionando a necessidade de uso de escolta policial pelas deputadas e expor imagens de Bella em um compromisso pessoal.
“Está aqui no Código Penal Brasileiro: ameaçar alguém, artigo 147, pena de detenção de 1 a 6 meses ou multa. Ou seja, a pessoa sequer vai presa. Então, porque a psolista tem direito a uma escolta? Já fui ameaçado de morte diversas vezes e eu não tenho escolta armada. Sou contra isso daí. Para encher a cara em buteco, está errado”, disse o deputado.
…PM, fortemente armada. Deputada Bela Gonçalves, por que não levou livros para o boteco ao invés da escolta armada? O povo está de saco cheio de tanta incoerência promovida com uma cara-de-pau que nenhum óleo de peroba no mundo consegue lustrar! A mesma psolista que tem o … pic.twitter.com/X4z2ZIUYIG
— Cristiano Caporezzo (@caporezzodm) October 24, 2023
Bella Gonçalves afirmou que Caporezzo foi até a Comissão de Direitos Humanos da Casa nesta tarde, após a suspensão da sessão, para “intimidá-las”.
“O vídeo do Caporezzo é violência política contra a mulher. Tanto que foi repudiado por todos os líderes da Assembleia Legislativa. Não só é violência política contra a mulher, como recebemos uma outra ameaça de morte agora de tarde”, disse a deputada ao Estadão. “Ele veio aqui, [para] invadir e tumultuar a Comissão de Direitos Humanos em que a gente estava repudiando a ação que ele teve enquanto parlamentar, colocou o telefone na minha cara e na da deputada Beatriz Cerqueira, provocando tumulto na Casa. Não vamos tolerar esse tipo de violência política”, contou.
No fim de setembro, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) e as policiais Civil e Militar chegaram a cumprir mandados de busca e apreensão contra suspeitos de ameaçar as deputadas. Batizada de Operação Di@na, a investigação teve início após as parlamentares receberem as primeiras ameaças nos e-mails da ALMG.
Em uma das mensagens enviadas para Lohanna por e-mail, o autor disse que a parlamentar “promove a degeneração e a irresponsabilidade feminina”. Ele afirmou ter o endereço da deputada e de seus parentes, ameaçando estuprá-la e depois matá-la.