Esta matéria, já publicada anteriormente, está voltando ao ar à luz do caso de difamação de Leonardo Sakamoto. Documentos sugerem que as empresas JBS e 4Buzz promoveram um anúncio pago no Google com um texto de um extremista chamado Leonardo Ayan, abrigado no site Folha Política, acusando o jornalista de corrupção.
O site de direita Folha Política é um dos maiores propagadores de boatos e desinformação da internet. Seus artigos, em sua grande maioria, ou são anônimos ou assinados por uma certa Lígia Ferreira. Outros são republicados de sites indigentes como o Ceticismo Político, de um certo Luciano Ayan, ou Luciano Henrique, uma figura sinistra, sem passado e sem futuro, paranoico de guerra fria.
Kim Kataguiri, do MBL, hoje colunista da Folha, foi um dos apresentadores dos vídeos.
Mas o idealizador daquilo se chama Ernani Fernandes. Ele era estudante de Direito em maio de 2013, quando escreveu alguns textos atacando o número de ministérios da gestão de Dilma Rousseff.
Fernandes é um dos fundadores do Movimento Contra Corrupção, o MCC, e deu uma entrevista na mesma época, há quase dois anos, defendendo a criação de um veículo de comunicação novo. “[Existe o] caráter tendencioso dos meios de comunicação, aventando a necessidade de uma forma de divulgação de informações isenta”, disse.
O MCC foi criado na época das eleições municipais de São Paulo em 2012 e não apoiou nenhum candidato, criticando inclusive José Serra e Celso Russomanno. No entanto, a partir do ano seguinte, passou a centrar fogo nos petistas.
No site do MCC, há um link de recomendação para a Folha Política. Já na Folha Política, não há nenhum link mencionando o Movimento Contra a Corrupção que a apoia.
Uma leitora do DCM trouxe dados interessantes do site Who.is, que mostra informações sobre registros dos endereços na internet através de dados da instituição americana ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers). Os dados da Folha Política estão ocultos e foram registrados no dia 7 de maio de 2013, na mesma época da entrevista do MCC. O domínio é de Queensland, na Austrália.
Por que um endereço de internet fora do Brasil? Gravataí Merengue, do blog Implicante, diz que faz isso por causa da “exposição indevida que domínios no Brasil (.br) apresentam”. O mesmo blogueiro acusado de receber 70 mil reais do governo Alckmin alega que a opção pelo .org é para obter com mais facilidade a privacidade dentro de solo americano e reduzir custos.
É realmente mais barato lá fora, mas estes sites buscam registros no exterior para não ter que se explicar na Justiça brasileira ou segundo os preceitos do Marco Civil da Internet aprovado no país. A Folha Política parece adotar o mesmo procedimento do Implicante nesse aspecto.
Se você digitar o endereço do site do Movimento Contra Corrupção, o mesmo domínio de Nobby Beach, em Queensland, aparece sem um dono do registro ocultado a pedido dos proprietários. No entanto, o LinkedIn de Ernani Fernandes o liga aos dois sites.
Ele seria administrador de um grupo empresarial chamado Raposo Fernandes. Essa companhia teria uma “escola filosófica” para ensino de humanidades com site próprio. Se você acessar a fanpage no Facebook desta instituição, o que encontra? Textos da Folha Política.
Procurando pelo Who.is da escola filosófica, encontramos como proprietário o nome de Ernani Fernandes Barbosa Neto com um domínio em São Paulo.
Outro autor apareceu em maio de 2013. Seu nome é Allan Carvalho e ele se define como estudante de administração e coordenador nacional do Movimento Contra Corrupção.
O DCM tentou falar com Ernani Fernandes. Por email, perguntamos se a Folha serve como veículo de informação do MCC, se ele realmente é o fundador, quem é o editor, por que não há autores identificados na maioria dos artigos e se eles temem processos. Até o momento da publicação deste texto, ele não nos respondeu.
Em mais de dois anos no ar, o site Folha Política pratica antijornalismo a serviço de uma milícia política. O MCC não tem coragem de se assumir tucano ou pró-PSDB, mesmo fazendo apenas críticas antipetistas. A estrutura desta rede de difamações é um mistério, mas está serviço de alimentar o ódio nas redes sociais para colher frutos.