Telmário Mota, ex-senador bolsonarista suspeito de mandar matar a mãe de sua filha, também foi acusado de estupro pela filha. A vítima morreu três dias antes de depor em audiência sobre o caso e era considerada “testemunha chave” pela Justiça.
Ele teve a prisão preventiva decretada, mas é considerado foragido já que a Polícia Civil não conseguiu localizá-lo durante operação deflagrada nesta segunda (30).
Antônia Araújo de Sousa (52) foi assassinada no dia 29 de setembro, com um tiro na cabeça, enquanto saia de casa para trabalhar. Ela morava no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima.
O ex-senador foi acusado, em setembro de 2022, de estuprar a própria filha, que à época tinha 17 anos. Antônia prestaria depoimento no caso três dias depois do assassinato, em 2 de outubro. Para a Justiça, a vítima era “testemunha chave no processo” e sua morte “certamente beneficiaria Telmário”.
“A filha da vítima com o Representado Telmário acusou o pai de estupro, quando ainda tinha 17 anos, no ano de 2022, originando os autos. A audiência havida sido designada para o dia 02 de outubro do corrente ano”, diz processo. À época, ele disse que recebeu a notícia da morte da ex-mulher com consternação e que jamais teve “qualquer sentimento de vingança” contra ela.
A Justiça determinou a prisão de Telmário, seu sobrinho Harrison Nei Correa Mota e Leandro Luz, apontado como responsável pelo disparo em Antônia. A decisão foi assinada pela juíza Lana Leitão Martins, da 1ª Vara do Tribunal do Júri.
“Não se pode negar que o Representado, Telmário Mota de Oliveira, é ex-Senador da República, pertencente a família tradicional, que ainda exerce de influência política no Estado”. A magistrada apontou que há elementos suficientes para mostrar “autoria e participação dos investigados, considerando o alto nível de organização, periculosidade e grande possibilidade em desfazimento de provas”.
Segundo a investigação, a decisão de matar Antônia ocorreu em uma fazenda, onde Telmário teria deixado o sobrinho como responsável pela execução do crime. Foi descoberto que a moto usada pelos assassinos foi comprada por R$ 4 mil em espécie e estava com documentação irregular e no nome de outra pessoa.