O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) expressou grande preocupação com a crise humanitária em andamento na Faixa de Gaza, afirmando que o enclave se transformou em um “cemitério de crianças” devido à recente onda de bombardeios israelenses. Em uma coletiva de imprensa em Genebra nesta terça-feira (31), o porta-voz da agência, James Elder, destacou os horrores vividos pela população civil, especialmente pelas crianças.
“Nossos piores temores sobre o número de crianças mortas em Gaza se tornaram realidade em apenas duas semanas”, disse Elder, citando as estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde local. “Gaza se tornou um cemitério para milhares de crianças. É um inferno”, enfatizou.
Além dos ataques aéreos que assolam a região, a Unicef destacou outras questões humanitárias críticas que afetam diretamente as crianças em Gaza. Elder explicou que há uma grave crise hídrica enfrentada pelos mais de um milhão de crianças na região, alertando para a ameaça crescente de mortes causadas por desidratação, especialmente entre os bebês. A capacidade de produção de água em Gaza é atualmente apenas 5% da produção diária habitual, o que intensifica ainda mais a crise humanitária.
Desde o início do conflito entre Israel e o grupo militante Hamas, em 7 de outubro, o número de vítimas fatais na Faixa de Gaza ultrapassou a marca assustadora de 8 mil. Dentre esses números trágicos, mais de 3,4 mil são crianças, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério da Saúde local.
A tragédia contínua na região já causou a morte de mais de 9 mil pessoas, entre palestinos e israelenses, além de centenas de feridos e desaparecidos.
Fora das fronteiras de Palestina e Israel, os países tentam em reuniões na Organização das Nações Unidas (ONU) encontrar medidas para estabelecerem um cessar-fogo e a permissão de ajuda humanitária na região.
No entanto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, descartou qualquer possibilidade de frear os ataques em Gaza. Em coletiva na última segunda-feira (30), ele citou a bíblia para dizer que “mesmo as guerras mais justas têm vítimas civis não intencionais”. Ele ainda comparou os palestinos aos povos de Amaleque que, na bíblia, seriam inimigos de Israel.