A Assembleia Geral da ONU aprovou, com 187 votos, uma resolução que pede o fim do embargo imposto há seis décadas pelos Estados Unidos a Cuba, uma vitória moral para a ilha que, no entanto, não é vinculante.
Os Estados Unidos e Israel votaram contra a resolução “Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, que reitera o princípio da “igualdade dos Estados, a não intervenção e a não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional”.
A Ucrânia se absteve da votação.
Cuba vive sua pior crise econômica em três décadas com escassez de alimentos, remédios e combustíveis, enquanto enfrenta apagões diários devido à tecnologia obsoleta de suas usinas termelétricas, agravada pelos efeitos da pandemia de coronavírus.
Segundo as autoridades cubanas, o embargo causava prejuízos econômicos de 154 bilhões de dólares atuais à ilha.
O projeto de resolução expressa sua “preocupação” com a persistência do embargo econômico e seus “impactos adversos sobre a população cubana”. O embargo foi estabelecido em fevereiro de 1962, durante a Guerra Fria, pelo então presidente John F. Kennedy.
De acordo com um relatório elaborado pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, a pedido da Assembleia Geral, “a continuação do bloqueio financeiro e comercial dos Estados Unidos contra Cuba é incompatível com um sistema baseado no Estado de Direito”.
Esta é a 30ª resolução apresentada por Cuba desde 1992 contra o embargo dos EUA. Apenas em 2020 não houve uma resolução devido à pandemia de COVID-19.
Vale destacar que, nos últimos anos, os EUA justificaram seu embargo contra Cuba com base em duas questões: violações de direitos humanos e o apoio de Havana ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela.