Crítica a Israel, Irlanda não consegue retirar cidadãos de Gaza e é atacada por ministro de Netanyahu

Atualizado em 5 de novembro de 2023 às 20:25
Menino irlandês preso em Gaza com a família

Daniel Zonshine, embaixador de Israel no Brasil, negou que os brasileiros tenham sido excluídos de listas de estrangeiros a sair de Gaza por causa de críticas feitas por Lula.

“Não foi por razões políticas. Americanos e canadenses não foram incluídos, e os brasileiros não são menos amigos de Israel. A vez dos brasileiros vai chegar”, falou à CNN.

Pelo quarto dia consecutivo, brasileiros não foram autorizados a sair. Trinta e quatro aguardam repatriação. A expectativa é de que o grupo cruze a fronteira em direção ao Egito até quarta, 8, conforme o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Pode ser coincidências, mas o fato é que outro país que tem denunciado Israel está tendo dificuldade em resgatar seus nacionais: a Irlanda.

Cerca de 40 titulares de passaportes irlandeses permaneceram no território no domingo e nenhum foi incluído nas listas para sair através da passagem de Rafah para o Egito.

Na semana passada, o primeiro-ministro Leo Varadkar disse que algumas das ações de Israel em Gaza não foram apenas autodefesa e assemelhavam-se a “algo mais próximo de vingança”.

Varadkar admitiu que Israel não considera a Irlanda um amigo próximo ou aliado, uma vez que tem uma posição em relação à Palestina diferente da maioria dos países ocidentais.

Não foi à toa que o ministro do Patrimônio de Israel, Amichai Eliyahu, afirmou que os palestinos poderiam “ir para a Irlanda ou para os desertos”. O mesmo psicopata não descartou o uso de bomba atômica como uma “opção”.

O vice-primeiro-ministro irlandês Micheál Martin disse que não há provas de que as críticas de seu governo a Israel estejam atrapalhando os esforços para retirar os cidadãos irlandeses da Faixa de Gaza.

Amichai Eliyahu, ministro do Patrimônio de Israel: bomba atômica em Gaza

Martin descreveu a situação em Gaza como “terrível” e reforçou que crimes de guerra podem estar sendo cometidos. “Esta guerra não traz nada além de morte e miséria e tem que parar”, declarou.

“O Tribunal Penal Internacional tem jurisdição, os seus procuradores deixaram isso claro, no Oriente Médio. E acredito que deveria haver total responsabilização pelo que está acontecendo aqui”.

“Sempre fui da opinião de que o bombardeio de áreas urbanas densas, inevitavelmente, resulta em matar civis e crianças. E não acredito que tenha havido qualquer proporcionalidade associada a isso, é desproporcional em qualquer medida e não é necessário.”

Martin também reiterou a sua condenação dos ataques do Hamas em 7 de outubro, descrevendo-os como “selvagens, brutais e bárbaros”.

“Mas é a busca, a maneira e a metodologia que acho que as pessoas estão questionando. Não se pode levar toda a população civil junto com isso. Não se pode fazer cálculos de que ‘se eu conseguir um comandante do Hamas, não há problema em eliminar 100 civis’.”

Em Dublin, no domingo, um carro funerário puxado por cavalos carregando um caixão cheio de sapatos infantis liderou um protesto que passou pelas embaixadas dos EUA e do Reino Unido e pelos escritórios da Comissão Europeia.

Em Belfast, no sábado, milhares de ativistas marcharam da Queen’s University até o consulado dos EUA no sul da cidade.

No final do evento, várias crianças deixaram ursinhos de pelúcia perto da barreira para simbolizar as vidas perdidas no conflito.