Saiba o motivo pelo qual há tropas americanas na Amazônia brasileira

Atualizado em 6 de novembro de 2023 às 23:50
Militares norte-americanos fardados e sentados lado a lado
Militares norte-americanos participam de treinamento no Brasil – Divulgação/CMN

Em 19 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou a entrada de 294 militares norte-americanos no Brasil. Esses militares pertencem ao Exército do Sul, à 101.ª Divisão Aerotransportada, ao 7.º Grupo de Forças Especiais e à Guarda Nacional de Nova York.

Eles estão participando do exercício conjunto denominado CORE 23/Southern Vanguard 24, que envolve a realização de treinamentos e exercícios no Pará e Amapá, em colaboração com cerca de 1,2 mil militares brasileiros da 23.ª Brigada de Infantaria de Selva.

Em Belém, os militares dos EUA passaram por um estágio de combate e sobrevivência na selva, que foi concluído no último sábado (4). Agora, estão se preparando para se deslocar para o Amapá. Segundo a embaixada dos EUA no Brasil, esse exercício é planejado e executado anualmente pelo Exército do Sul dos Estados Unidos e é patrocinado pelo Comando Sul dos EUA (Southcom).

A principal finalidade dessas operações é aumentar a interoperabilidade entre as forças dos Estados Unidos e do Hemisfério Ocidental, bem como com o Brasil.

Conforme destacado pela embaixada norte-americana, é importante ressaltar que esses exercícios são planejados com muita antecedência e não estão vinculados a eventos do mundo real. Além disso, o exercício no Brasil faz parte de uma estratégia maior de diplomacia militar para prevenir conflitos e promover a segurança internacional.

Havia certa preocupação entre o Exército e os americanos de que esse exercício pudesse ser politizado por setores de partidos de esquerda, destacando as diferenças entre a diplomacia do Itamaraty e a das Forças Armadas.

Essa preocupação foi acentuada quando a general Laura Richardson, do Southcom, fez críticas à presença chinesa na América Latina, alertando para o que ela considera uma ameaça à democracia durante uma entrevista na Florida International University.

Nesse contexto, os exercícios militares na Amazônia têm como objetivo ampliar a interoperabilidade entre o Exército dos Estados Unidos e forças de países integrantes da OTAN. Isso visa capacitar o Exército Brasileiro para participar de operações internacionais de acordo com os interesses nacionais e compromissos internacionais do Brasil.

Miltares fardados entrando em avião
Militares embarcando de Belém com destino a Macapá – Divulgação/CMN

Uma das novidades do exercício é o ambiente operacional, que inclui a presença de grupos indígenas em regiões com baixa densidade populacional e áreas de selva inabitada, onde o transporte fluvial é predominante.

A general Richardson não estará presente nos exercícios na Amazônia, mas o general Andrew P. Poppas, do U.S. Army Forces Command (Forscom), visitará a região antes de participar da Conferência de Comandantes dos Exércitos Americanos (CCEA) no Rio. A conferência, presidida pelo general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, reunirá delegações de 22 países das Américas, Espanha e Portugal, com o foco na integração.

Para os generais brasileiros, é evidente que os Estados Unidos estão preocupados em expandir sua influência na região devido ao crescente envolvimento da China na América do Sul. Os exercícios e a conferência representam oportunidades para demonstrar a capacidade de cooperação do Brasil e fortalecer a diplomacia militar, promovendo a confiança mútua entre as forças armadas de diferentes nações.

Esses eventos também fornecem ao presidente Lula uma oportunidade para adotar uma abordagem pragmática em relação às relações internacionais. No passado, questões relacionadas à neutralidade em disputas entre China, Rússia e EUA geraram debates, mas o presidente brasileiro mantém canais abertos com os Estados Unidos e a França, adaptando-se às mudanças na dinâmica geopolítica.

Os exercícios com os militares brasileiros ocorrerão até o dia 16, enquanto a conferência se estenderá até o dia 9, quando o Brasil passará a presidência para o México. No entanto, não há indicações de exercícios conjuntos com os chineses no horizonte devido a barreiras doutrinárias, linguísticas e logísticas significativas, além de complexidades financeiras.

Em resumo, os exercícios militares e a conferência representam oportunidades cruciais para fortalecer a cooperação internacional e promover a diplomacia militar, enquanto refletem as preocupações geopolíticas em evolução na região.

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