Em recado a embaixador de Israel, Dino critica “propaganda” de “autoridade estrangeira” no caso Hezbollah

Atualizado em 9 de novembro de 2023 às 8:41
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino. Foto: reprodução

Nesta quinta-feira (9), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, foi às redes sociais enfatizar que nenhum representante de governo estrangeiro tem o direito de antecipar o resultado de uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF).

A Operação Trapiche, deflagrada pela PF na quarta-feira (8) com o objetivo de “prevenir atos terroristas” no país, contou com a colaboração do Mossad, a agência de espionagem internacional de Israel, que forneceu informações sobre a movimentação de pessoas ligadas ao grupo radical Hezbollah no Brasil.

Pelo X, antigo Twitter, Dino destacou que a conduta da PF decorre das leis brasileiras e “nada tem a ver” com conflitos internacionais, em referência implícita aos embates entre Israel com vizinhos do Oriente Médio, que se agravaram desde os ataques de 7 de outubro do Hamas.

“Não cabe à Polícia Federal analisar temas de política externa. As investigações da Polícia Federal começaram ANTES da deflagração das tragédias em curso na cena internacional. Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos”, escreveu o ministro.

O ministro também afirmou que o Brasil é um país soberano e que as investigação ainda estão em andamento.

“Quem faz análise da plausibilidade de indícios que constam de relatórios internacionais são os delegados da Polícia Federal, que submetem pedidos ao nosso Poder Judiciário. Os mandados cumpridos ontem, sobre possível caso de terrorismo, derivaram de decisões do Poder Judiciário do Brasil. Se indícios existem, é DEVER da Polícia Federal investigar, para CONFIRMAR OU NÃO as hipóteses investigativas”, ressaltou Dino.

A recado de Dino foi para embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, que afirmou que o Hezbollah planejou um ataque terrorista a entidades judaicas e sinagogas em território brasileiro, contando com apoiadores no país.

“O interesse do Hezbollah em qualquer lugar do mundo é matar os judeus. Se escolheram o Brasil, é porque têm pessoas que os ajudam”, afirmou o embaixador ao jornal O Globo.

Além disso, na quarta-feira (8), a embaixada israelense no Brasil programou uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deputados de extrema-direita, com o intuito de mostrar “imagens exclusivas” do confronto com o Hamas.

O convite menciona que as imagens são chocantes e mostram cenas de violência extrema e mortes brutais. A embaixada afirmou que o convocação foi enviada a todos os deputados sem distinção ideológica, o que não é verdade. Parlamentares de esquerda não tinham conhecimento do evento.

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